quarta-feira, 22 de julho de 2020

REFLEXÃO: O QUE FICA NO OFFICE E NO HOME OFFICE

Essa tem sido a grande questão neste momento. O que estão chamando do novo normal. Como todos também tenho pensado neste assunto. Pensei em muitas atividades que por sua natureza são feitas a distância. A minha maior fonte de inspiração é uma série na TV que trata sobre a corrida a lua, e as atividades dos astronautas. Tem atividade mais remota do que um astronauta no espaço? Como este trabalho é desenvolvido? Estas questões, me fizeram por analogia pensar neste novo momento que estamos passando. Qual será a nova forma de trabalho? O que faz sentido a partir das experiências que estamos vivendo? Devemos todos agora trabalhar em home office como muita gente tem falado?

Enfim todas essas situações me levaram a refletir sobre um modelo de trabalho que eu gostaria de compartilhar. Lembrando que a minha maior fonte de inspiração foram os astronautas. Não é possível desenvolver todo o trabalho de forma remota. Para que um astronauta vá numa missão espacial, ele tem que se preparar e treinar no que poderiamaos chamar do seu "office". Todo o desenvolvimento do trabalho, as inovações, treinamento e desenvolvimento é feito numa base, num local de operação. Por outro lado quando este mesmo astronauta segue na sua missão, toda a execução do seu trabalho é feita de forma remota, virtual, e bastante autônoma.

A partir desta ideia eu gostaria de propor para reflexão um novo modelo de trabalho para as organizações. Existem atividades que por sua natureza precisa ser realizado num local físico, como uma fábrica, uma armazém de distribuição, etc. Porém outras atividades também necessitam de um esforço coletivo para a sua realização. Áreas como inovação, desenvolvimento de negócios, treinamento e desenvolvimento mais específico ou tecnicos, engenharia, etc precisam muitas vezes também deste esforço ou participação coletiva. Por outro lado uma vez o trabalho, ou os produtos e serviços bem desenvolvidos, a sua execução pode ser realizada em muitos casos a distância, com uma acompanhamento remoto ou virtual. Claro que a depender do segmento do negócio, este modelo terá que ser ajustado para fazer sentido para a organização. Aqui não tem como ser um modelo único que se aplica as todas as empresas.

Como o exemplo dos astronautas, talvez este seja o modelo de trabalho do futuro. Parte do trabalho tem que ser desenvolvido num mesmo local, pela necessidades do esforço e da inteligência coletiva, porém muito da execução poderá ser feito a distância. Portanto em alguns momentos as pessoas precisarão estar juntas de forma eventual, e talvez na maior parte do tempo da execução poderão estar a distância. Acredito que este possa ser o que chamam do novo normal. Um "blend" de trabalho a distância, combinado em alguns momentos com um trabalho coletivo num mesmo lugar físico.

Como o título indica, é apenas uma reflexão, mas que pode resultar numa melhora de produtividade do trabalho, bem como em grandes reduções de custos e despesas.

quinta-feira, 3 de outubro de 2019

A TECNOLOGIA É O “ENABLER” DA SOLUÇÃO DOS PROBLEMAS


Tenho participado de muitos eventos e discussões a respeito de Tecnologia, Era Digital etc.Por conta disso comecei a refletir sobre o que vem primeiro: o ovo ou a galinha. Para descrever o que estou pensando, preciso contar uma pequena história que se transformou em um aprendizado para mim.

No meio da década de 90 fui transferido pela Monsanto para os Estados Unidos como Diretor de RH. Entre outras posições eu ocupei a posição de Diretor de RH das áreas de Tecnologia da Monsanto, e um dos grupos que eu atendia era o R&D Corporativo da empresa nos USA. Este grupo era formado por aproximadamente 1100 Cientistas, cujas patentes registradas em nomes deles era cerca de 3 patentes para cada um.

Entre outras coisas, trabalhei com o inventor do COX2, na parte de Farma. O produto fruto desta tecnologia é o Celebra no Brasil e o Celebrex nos Estados Unidos. Basicamente um anti-inflamatório de última geração. No grupo Agrícola tive a responsabilidade de contratar o primeiro profissional de Genoma da Monsanto. Lembro bem até hoje que fomos buscar este profissional nos laboratórios do Governo Americano.

Este último grupo da área agrícola foi responsável por criar a biotecnologia aplicada a agricultura, que popularmente ficou conhecida como os transgênicos. Uma tecnologia que criou muita polêmica, mas que permitiu e permite a agricultura fazer avanços de produtividade jamais vista na humanidade. É possível com esta tecnologia ampliar a produção agrícola no mundo, em escalas jamais possíveis com a tecnologia tradicional.

Em meados desta década já falávamos de sequenciamento de DNA das plantas de forma corriqueira dentro da Monsanto. Os laboratórios estavam tão avançados que algumas vezes o próprio governo ou sistema judiciário recorria a Monsanto para fazer exames de DNA quando necessário em St. Louis.

Essas coisas produziram uma mudança cultural na empresa, e uma transformação na forma de pensar como eu jamais tinha visto. A conversa dos corredores era que o impossível era sim possível de ser alcançado. Trouxemos uma tecnologia da California que trabalha um conceito chamado “Breakthrough”, que tinha como base fundamental o olhar de mudança de paradigma. Havia até um filme famosos chamado “Change Paredigm” que se tornou um ícone dentro da empresa. Esta mudança causou um impacto gigante e uma transformação enorme de uma empresa conservadora do mddlewest americano, para uma empresa avançada em biotecnologia.

Para se ter uma ideia é possível com a transgenia sequenciar um gen de um pinheiro de área gelada e inocular numa planta de milho, e poder produzi-la em áreas geladas. Por este mesmo processo é possível fazer isso com uma planta de cactos e plantar o milho em áreas desérticas. Poderia falar muito mais do que esta tecnologia pode fazer e os benefícios para a produção de alimentos no mundo.

Qual foi para mim o aprendizado desta experiência com relação ao impacto da tecnologia na gestão da organização ou da mudança radical da forma da empresa fazer negócio, ou como as pessoas lidaram com isso e seguiram adiante?

Aprendi que a Tecnologia é apenas o “enabler” ou o aquilo que possibilita desenvolver soluções, que até então eram impossíveis. Exemplo: Os Cientistas buscavam fortemente encontrar meios de fazer avanços da produtividade agrícola nos laboratórios. Esse era o desafio principal. Quando apareceu a tecnologia de sequenciamento do DNA, eles conseguiram viabilizar através desta tecnologia algo que há muito tempo buscavam. Aumentar a produtividade agrícola de forma exponencial.

Em resumo, acredito que temos que ir além da tecnologia para pensarmos em quais temas precisamos encontrar soluções ou avançar mais rápidos neste século. Esta tem que ser a motivação e não a tecnologia per si. Esse foi o meu aprendizado trabalhando com os Cientistas. A tecnologia será sempre o facilitador para resolver problemas que antes não eram possíveis. Em todas as áreas da sociedade podemos nos beneficiar muito disso, se soubermos com clareza aquilo que buscamos. A tecnologia nunca será uma ameaça para o ser humano, e nunca o substituirá, porque ela existe para atender as necessidades humanas e não o inverso.

sexta-feira, 6 de setembro de 2019

DIVERSIDADE DE NEGÓCIOS E DE PESSOAS. O DESAFIO DESTE SÉCULO


O tema Diversidade parece que entrou para valer na pauta das empresas no Brasil. Este tema não é tão novo assim. Nos Estados Unidos, esta conversa já rola há mais de 20 ou 30 anos. Eles identificaram que a diversidade de pessoas resulta em diversidade de pensamento e isso agrega mais valor ao negócio. Se todos forem iguais, a resposta para os problemas e desafios será exatamente igual. Esta é a lógica deste assunto. Se olharmos também para a natureza, vamos notar que ela só parece exuberante quando a diversidade está presente. A sobrevivência do planeta depende dessa variante de forma ampla. Sejam as florestas, os oceanos, os animais e assim por diante. Esta composição diversificada faz com que o resultado seja o melhor possível para a humanidade e a sobrevivência do planeta.

Partindo deste princípio, comecei a refletir se isso também não seria crítico para os negócios. Ultimamente parece que o mundo está se resumindo à era digital, e que as empresas todas devem ser como Google, Apple, Amazon, Facebook, etc. Não estou falando da diversidade de atividades empresariais, que de alguma forma sempre existiu e continuará a existir.

Se voltarmos no tempo, há 100 ou 150 anos atrás, durante muitos anos a ênfase dos negócios era o setor agrícola. Depois veio a revolução industrial, no início do século passado, que por muitos anos dominou o cenário dos negócios. Mesmo neste período de ascensão do setor industrial, a agricultura continuou sendo uma atividade crítica para os negócios e para o mundo. Neste momento, as coisas caminham de forma acelerada para um mundo de negócios digitais, de serviços, muito voltado para a conveniência das pessoas. Vale lembrar que agricultura continua crítica, a indústria também continua importante, e fundamental na produção de bens para a sociedade.  

A impressão que temos é que muitos negócios desaparecerão, mas na verdade muito deles se transformarão ou serão feitos de formas diferentes, com o advento de novas tecnologia. Isso vale para agricultura, para a indústria, serviços, etc. O que parece trazer uma complexidade adicional é que tudo isso está acontecendo ao mesmo tempo. A agricultura está se transformando através da tecnologia, do ponto de vista de equipamentos, mas principalmente pela aplicação da biotecnologia. Embora seja um segmento tão tradicional, passa por uma transformação tecnológica gigante. No segmento da indústria ocorre o mesmo fenômeno e isso não é recente. Há quanto tempo a indústria automobilista utiliza a robótica nas suas linhas de produção? Possivelmente há 20 ou 30 anos. Isso vale para muitas outras empresas no segmento industrial. O que é diferente neste momento, e será cada vez mais, proveniente das facilidades da era digital, são os serviços em geral e a velocidade da transformação. Há um crescimento acelerado do segmento de negócios na área de serviços, como jamais tivemos oportunidade de experimentar. A tecnologia abriu um mundo novo, além do impacto que teve e tem nas áreas tradicionais de negócios. Em nenhum outro tempo da humanidade convivemos ao mesmo tempo com uma transformação que não é mais linear, mas ampla e irrestrita. A sequência da evolução dos negócios deixou de ser simples e direta, saindo do artesão, agricultura, indústria, para ser tudo transformado ao mesmo tempo. Esta heterogeneidade de negócios é fundamental para a evolução da humanidade. Não é só a diversidade sob o ponto de vista humano que ficou crítico e complexo, mas a própria multiplicidade de negócios. Neste caso, as organizações trouxeram uma maior complexidade e ambiguidade para a sociedade em geral.

O bom de tudo isso é que, assim como na natureza, a diversidade agrega valor e traz benefícios que não seriam possíveis de outra forma. No mundo nada se cria, tudo se transforma, e isso ainda continua valendo muito mais para os tempos atuais.

quarta-feira, 31 de julho de 2019



DESENVOLVIMENTO EXECUTIVO VERSUS COACHING. QUAL É A DIFERENÇA?



Quando decidi em 2010 iniciar a Consultoria da Westin Desenvolvimento de Pessoas, procurei usar a minha experiência de 35 anos como Executivo de RH e de Negócios e dois anos como Diretor de Coaching Key Exec da Right Management, a serviço do desenvolvimento de profissionais. A melhor coisa que existe na profissão é fazer algo que esteja alinhado com o seu propósito de vida. No meu caso, foco em ajudar a desenvolver profissionais e executivos para que se tornem melhores líderes e pessoas.

Uma das reflexões que fiz na época, quando o assunto de Coaching se tornou muito popular, foi entender mais sobre este tema e o que eu gostaria de fazer como Consultor para me dedicar ao desenvolvimento executivo e gestão de pessoas. Por que optei por fazer Desenvolvimento Executivo e não Coaching propriamente dito, apesar de ter sido Diretor de Coaching Key Exec na Righ Management?

A razão fundamental é que o processo de Coaching, seguindo de forma bastante técnica o processo, trabalha apenas com o conteúdo do executivo. No processo de Desenvolvimento Executivo, tenho liberdade para trabalhar os dois conteúdos: o do executivo em questão, bem como o meu próprio. Com formação em Economia, Especialização em HR Strategic Management nos USA, MBA em RH na USP/FIA, mais de 40 anos em gestão(sendo 20 anos como Diretor de RH, 8 anos como Gestor de uma BU de Químicos) e dois assignments nos Estados Unidos, ficaria difícil não utilizar essa bagagem para ajudar o desenvolvimento de Executivos. Ficar limitado às técnicas de Coaching e ao conteúdo do Executivo, não me parecia o ideal para agregar valor aos profissionais.

Esta foi a razão principal da minha escolha ter sido por criar um processo de Desenvolvimento Executivo, e não seguir o processo de Coaching na consultoria. Ao longo de 8 anos desenvolvendo vários executivos dos mais variados níveis profissionais, noto que este processo da Westin tem sido reconhecido por focar fundamentalmente em agregar valor ao negócio, através do desenvolvimento de pessoas. Aliás, este sempre foi o meu foco: valorizar o ser humano sem perder de vista a sua relevância agregando para os negócios da empresa.

Outro aspecto diferente do Coaching para o processo da Westin, é que o nosso foco é absolutamente no desenvolvimento de executivos. A metodologia do Coaching permite a sua utilização em várias áreas como: profissional, vida, família, relacionamento, etc., o que não é o nosso caso.

Como é a metodologia do processo de Desenvolvimento Executivo na Westin? O processo de Desenvolvimento Executivo da Westin, é estruturado e organizado em várias etapas ou blocos de assuntos. O primeiro bloco é voltado para o alinhamento do processo com o executivo, e conhecimento e informações da sua trajetória profissional. O segundo bloco refere-se à fase dos assessments do executivo. Para este fim, vários instrumentos são utilizados, alguns conhecidos do mercado, e outros desenvolvidos pela própria Westin. O terceiro e último bloco, corresponde a fase do desenvolvimento propriamente dito. A depender das etapas anteriores, vários materiais e discussões são utilizados. Por exemplo, se ficar demonstrado que o executivo em questão precisa melhorar o seu Estilo de Liderança, além do assessment desta competência, outros materiais e apresentações (desenvolvidos com comprovação prática da sua eficiência e eficácia.) serão utilizados para ajudá-lo no seu desenvolvimento.

Em resumo, o processo de Desenvolvimento Executivo na Westin completa mais de 8 anos de utilização, e os feedbacks das empresas e dos executivos têm sido o nosso melhor retorno por este trabalho.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

DARWIN ORGANIZACIONAL: LIDERANÇA E PROFISSIONAIS ADAPTATIVOS


Ultimamente tenho refletido bastante como descrever os profissionais e as lideranças deste novo mundo tecnológico, digital, ou seja, o nome que for. Qualquer coisa que tentamos definir, ou rotular com algum tipo de definição vai ficar velho muito rapidamente. Por isso que vemos publicações com os mais variados nomes, títulos, descrições e num instante tudo isso fica obsoleto. As próprias descrições de definições das gerações, também acabam ficando desatualizadas e não descrevendo corretamente muitas coisas que estão acontecendo.

No ambiente organizacional isso ficou ainda mais complicado. Na Europa ou nos Estados Unidos, que são países com uma consistência maior, talvez não seja tão complicado. Países como o Brasil, China ou Índia, que são muito heterogênicos, as coisas ficam muito mais difíceis. Exemplo: Participo de reuniões em São Paulo, onde o assunto da onda é o mundo digital. A maioria das conversas vêm do Vale do Silício e de outras experiências que estamos anos luz de distância. As pessoas falam disso como se fosse algo possível de ocorrer na próxima semana. É bom falar dessas coisas inspiracionais, mas nós temos muitos outros desafios em gestão, liderança, etc. que estão longe disso e que precisam ser bem endereçados e resolvidos.

Por conta disso, comecei a pensar que talvez a melhor definição para descrever as lideranças e os profissionais seja utilizando o termo “adaptativo”. Aqueles que conseguirem ao longo da sua carreira, irem se adaptando ao contexto mutante e constante que vivemos e iremos viver, ainda mais acelerado, serão os que sobreviverão e terão sucesso. Algo semelhante à teoria de Darwin.

É quase impossível dominar e entender tudo o que está acontecendo no mundo. Podemos nos preparar, mas duvido que alguém possa com precisão saber exatamente o que vai acontecer. Converso frequentemente com CEOs de vários setores e me surpreendo com a sinceridade deles, em dizer que está cada vez mais difícil prever o futuro. Não é por acaso que, de repente, nos deparamos com o desaparecimento de uma empresa, o nascimento de outra, e atividades que nem imaginávamos, sendo criadas, enquanto grandes empresas sucumbem. Será que essas grandes empresas não teriam pessoas inteligentes capazes de prever o que vinha pela frente? Obviamente que não. Elas têm muita gente capaz, mas vivemos tempos imprevisíveis, de transição tecnológica, que provoca transformações profundas nos modelos de negócio da noite para o dia.

A pergunta que me faço é a seguinte: Como as Lideranças e os profissionais em geral devem se preparar para estes novos tempos?

É muito difícil ter uma resposta específica e precisa para esta pergunta, entretanto sabemos que o ser humano tem sobrevivido ao longo de milhares de anos, graças a sua fabulosa capacidade de adaptação. Talvez este seja um dos maiores poderes que o homem tem, se o compararmos com outros animais. Conseguimos viver em áreas desérticas, geladas, remotas, e assim por diante. Temos no nosso DNA uma capacidade de lidar com coisas diferente e inusitadas como ninguém. Não adianta lutar com coisas que não temos como controlar ou vencer. É só olharmos o exemplo da natureza com furacão, tsunami, neve, terremotos etc. Não temos como controlar essas forças, mas aprendemos a nos adaptar com estas situações e sobreviver.

Se tomarmos isso como exemplo e por analogia levarmos para o mundo empresarial, é isso que temos de fazer do ponto de vista profissional ou mesmo para liderar numa organização. Quanto mais tivermos um perfil adaptativo, e isso não é fácil porque requer uma serie de competências e comportamentos, certamente teremos mais sucesso nesta caminhada.

terça-feira, 13 de novembro de 2018

DESIGNER DE PROCESSOS E PESSOAS…O NOVO PAPEL DO LÍDER


Creio que este será o título dos Líderes num futuro breve. Ainda estamos discutindo, muitas vezes, o papel da Liderança num modelo antigo, que é muito baseado no modelo industrial. Processos estanques e repetitivos, com pequenas mudanças evolutivas ao longo dos anos. Precisamos entrar numa discussão mais profunda do novo papel da Liderança, neste mundo digital. O perfil dos profissionais dessas novas gerações é bem diferente do que estamos acostumados. Basta olhar o ambiente das empresas de tecnologia para entender a grande mudança que ocorreu e que está ocorrendo. Essa transformação é percebida em todas as frentes. As pessoas têm formação diferente, se vestem de maneira despojada, o ambiente de trabalho é também bastante descontraído e igualmente desprendido. O mundo criativo e inovador pede este tipo de local, para que as pessoas possam soltar a imaginação e produzir inovação para os negócios. Os desafios não são mais processos recorrentes que precisam ser melhorados através da própria repetição e execução. Agora vivemos um momento, em que os processos precisam ser mudados constantemente, para que possam atender as necessidades dos negócios. Tudo é muito mais volátil e sujeito a mudança num espaço de tempo muito curto. Os ciclos de negócios são muito rápidos e os produtos muito mais perecíveis em função do avanço rápido da tecnologia.

A cada momento algo novo está sendo criado para adicionar aos negócios existentes, ou mesmo transformando o ambiente totalmente. Existem vários exemplos como tudo isso está se modificando rapidamente. Quando achávamos que a tecnologia, por exemplo, já facilitava a nossa vida para não ter que ir a um banco, já tem tecnologia que está na verdade concorrendo com o próprio conceito de banco. Portanto nem as coisas mais tradicionais e aparentemente imutáveis conseguem sobreviver a este momento de transformação que o mundo está passando.

Com este contexto dos negócios e das organizações, não é possível se imaginar que os processos vão permanecer iguais por longo tempo e muito menos a forma de desenvolver as pessoas. O papel de cada um é quase de se auto liderar, até porque muita gente está cada vez mais trabalhando remotamente. A liderança muitas vezes nem convive mais proximamente dos seus liderados. A palavra autonomia e empoderamento nunca fez tanto sentido como agora, só que ainda estamos preparando as Lideranças no modelo analógico.

Precisamos urgentemente começar a rever o papel do Líder dentro deste novo contexto. Pessoalmente, os vejo muito mais como Designers de processos e pessoas, e facilitadores do trabalho, definindo o direcionamento, alimentando e revendo os processos e o trabalhos das pessoas de forma permanente. O trabalho e os processos devem ser alterados constantemente para melhor se adaptar a velocidade do mercado e poder enfrentar a concorrência. É como se tivéssemos que alterar a descrição de cargos todas as semanas, bem como mudar os processos na mesma velocidade. A tecnologia veio para nos ajudar nesta tarefa, e o novo papel da Liderança é liderar este processo de transformação junto aos liderados. O novo mundo do trabalho requer um comportamento de muita flexibilidade, como se cada dia o trabalho fosse feito de forma diferente. Todos devem estar muito atentos as mudanças de tecnologia, e fazer da inovação um “way of life”. Será muito desafiador acompanhar esses novos tempos, mas como tudo na vida, o ser humano está pronto para se adaptar e fazer disso a sua rotina. Neste cenário, o novo papel da Liderança será fundamental para as organizações e a sociedade como um todo.

quinta-feira, 23 de agosto de 2018

ONDE O NEGÓCIO FOR O RH VAI JUNTO


Vejo tantas teorias e conceitos sobre a evolução da gestão de pessoas que parece tratar-se de uma ciência espacial. Agora então com a tal da era digital, da indústria 4.0 e outras titulações, o assunto ganhou uma complexidade enorme. Está cheio de gurus no mundo escrevendo livros e mais livros a respeito disso. E claro, junto com o livro também é preciso a consultoria para entender do que se trata. Também tem o tal do VUCA, que agora todo mundo fala, mas de fato poucos sabem o que é. De tempos em tempos acontece isso. Alguém escreve uma nova ideia ou uma velha ideia com roupa de domingo, e todo mundo começa a reproduzir e reverberar o assunto.

A área de RH e os temas de liderança parecem exercer um fascínio nos autores de livros e gurus, para lançarem novos conceitos e, principalmente, para o exercício da futurologia. Nada contra, e acho até um bom exercício mental discutir a respeito de novas visões, até porque o mundo está sempre se transformando e evoluindo. A única coisa que me incomoda um pouco, é quando toda essa conversa de futurologia vem divorciada da conversa de negócios. Quando isso acontece, essa conversa vira apenas um exercício acadêmico, interessante, porém de pouco valor agregado ao mundo real. Pelo menos na minha visão...

Participo de algumas discussões, e apresentações na área de gestão de pessoas, e fico me perguntando: Se eu apresentar isso para um CEO, qual será a sua reação? Confesso que algumas vezes eu mesmo fiz essa avaliação. Em alguns casos eu acredito que o CEO enfartaria com tanto assunto teórico e acadêmico. Tudo bem, tem o seu valor as discussões acadêmicas e teóricas, mas no mundo empresarial, onde deve-se agregar valor e ter coisas práticas, fica difícil imaginar a adoção de muitas dessas ideias.

Quando falamos de gestão estratégica de pessoas, a primeira coisa que precisamos entender é a estratégia do negócio. Além disso, temos que traduzir e fazer a conexão dos temas de negócios para os processos de RH. Se queremos projetar a evolução da gestão de pessoas para o futuro, vamos ter que fazer primeiro um exercício para entendermos para onde estão indo os negócios. Quais são as demandas e os desafios do “business” para o futuro. A partir disso sim, podemos fazer um exercício de futurologia para identificar as mudanças e as necessidades em gestão de pessoas.

O fator humano é de fato cada vez mais crítico para o sucesso dos negócios. A lógica é simples, vivemos uma época de muita transformação e inovação, e essas coisas dependem fundamentalmente do talento humano, da criatividade, etc. As novas tecnologias, novas plataformas, etc. dependem mais do fator humano do que muitas vezes do capital investido. Como o impacto humano nos negócios é cada vez mais significativo, isso exige que a gestão de pessoas seja mais eficiente e produtiva para agregar valor ao negócio. E para que isso aconteça, o RH tem que estar cada vez mais preparado para entender a necessidade do negócio e desenvolver novas formas de fazer a gestão de pessoas para esta nova era. Por isso eu digo, onde o negócio for o RH vai junto....ou pelo menos deveria ir...