quarta-feira, 15 de abril de 2015

EXIGENTE COM O TRABALHO E GENEROSO COM AS PESSOAS


Nunca se falou e escreveu tanto sobre Liderança como nessas duas últimas décadas. O papel do Líder assumiu uma importância para os negócios, muito crítica. Por esta razão várias abordagens foram criadas para descrever o papel do Gestor, como Líder Coach, Líder Educador, Líder Engajador e vai por aí afora. Alguns desses conceitos são bastante interessantes, ampliando a reflexão sobre a Liderança e o seu papel nas organizações.
Diante deste quadro não podemos perder de vista a perspectiva básica do papel do Líder, de dar direcionamento, planejar, controlar, acompanhar, etc.  Funções intrínseca à Liderança.  Além disso, mais do que o papel propriamente dito, deveríamos dispender tempo na discussão e reflexão do comportamento que queremos ter nas nossas Lideranças. Pensando nisso é que lembrei ter lido em algum lugar que o Líder deve ser exigente com o trabalho e generoso com as pessoas. Vejo em algumas empresas exatamente o contrário. Líderes que são exigentes e autoritários com as pessoas e muitas vezes até relaxados com o trabalho ou com as tarefas a serem executadas. Preocupam-se mais em demonstrar o seu poder e a sua autoridade do que buscar o melhor resultado através das pessoas. Felizmente é uma minoria.
Quando observamos algumas empresas atuando fora do Brasil, em culturas diferentes da nossa, percebemos que o sucesso dessas organizações passa por ter Líderes que sabem ser exigentes com o trabalho, no nível correto, e cuidadosos e generosos com as pessoas. Da mesma forma se observa que as pessoas nessas organizações e Países entendem esta diferenciação. Mesmo quando os Líderes são mais exigentes com os indivíduos, elas conseguem distinguir o que é a pessoa do que é a função. Portanto lidam com estas demandas e exigências de uma forma muito mais racional do que emocional. Uma eventual crítica é com relação ao trabalho, a função, mas não com a pessoa que ocupa aquela determinada função.
É muito mais produtivo e certamente traz muito mais resultados, quando o Líder aborda a sua organização dessa forma. A competição e a concorrência obriga as Lideranças a estarem mais atentas e focadas, e por consequência mais exigentes com relação aos resultados do trabalho. Por outro lado sabem claramente que o engajamento e a motivação das pessoas na equipe é crítico para alcançar o resultado. O excesso de autoritarismo e exigência, podem funcionar até um determinado ponto, mas certamente não será sustentável ao longo do tempo.
Quando olhamos as gerações mais novas que estão entrando no mercado de trabalho, observamos que são intolerantes com os Líderes que se comportam mais como “Chefes” no mal sentido, do que “Líderes” no bom sentido. Desejam ter como Gestores pessoas que sejam exigentes no trabalho, porque percebem que isto os desafiará a crescer e a se desenvolver, mas também desejam que os mesmos sejam um exemplo, uma fonte de inspiração.
Quando faço uma analogia com a família, que ao meu ver é a primeira escola de Liderança a que todos nós somos expostos, observamos que os pais exercem hoje e cada vez mais, um papel de Liderança mais democrático, exigente com os filhos do ponto de vista de  resultado, mas generosos em se tratando de apoiar e ajudar as crianças nesta caminhada. Claro que em toda regra tem exceção. Isto talvez explique em parte porque os filhos ficam hoje até mais tarde na casa dos seus pais. Buscam o seu desenvolvimento profissional, mas ao mesmo tempo se sentem protegidos e tratados pelos pais com generosidade.
Quando olho o futuro, e da mesma forma fazendo uma analogia entre a família e as organizações, creio que cada vez mais o estilo de Liderança tenha que estar alinhados com o modelo de Liderança das famílias. O processo de engajamento e retenção passa por este alinhamento, ou do contrário muito dos talentos que existem e existirão se sentirão mais atraídos por atividades próprias do que se engajar numa organização. Ser exigente com o trabalho e generoso com os indivíduos será um fator chave na gestão de pessoas.

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