quinta-feira, 9 de junho de 2016

DE VENDEDOR DE BANANAS À EXECUTIVO DE MULTINACIONAL


São momentos difíceis, como os que estamos passando ultimamente, que me fazem recordar dos meus tempos de juventude. Meu pai trabalhava na época com café em Santos, mas devido à uma crise parecida com essa, no início da década de 60, acabou perdendo tudo e tendo que fechar o seu negócio. Como a família da minha mãe há alguns anos estava envolvida com agricultura, particularmente plantação de bananas, muito comum naquela época no litoral Paulista, meu pai decidiu arriscar e comprar um pequeno sítio para se dedicar a este tipo de cultura.

Ele não entendia nada deste cultivo e teve que aprender a duras penas, sem de fato ao longo de muitos anos ter sucesso. Era um tempo de conjuntura muito difícil, e para agravar a Argentina, que era uma grande compradora de bananas do Brasil, decidiu não comprar mais. Foi uma represália na época uma vez que o Brasil começou a produzir maçãs em seu território.

Foram tempos complicados. Me recordo que o meu pai enviava para o CEAGESP caminhões de bananas para abastecer o mercado de São Paulo. A situação era tão complicada, que numa certa vez, a venda de um caminhão desses, com 6 ou 7 toneladas de frutas, deu apenas para o meu pai comprar um carrinho de mão de pedreiro. Não deu nem para cobrir os custos de produção, transporte, distribuição, etc. Realmente eram tempos muito desafiadores...

Eu era muito jovem e percebendo a dificuldade dos meus pais, aprendi com o meu avô a “estufar” as bananas, de tal forma que elas ficassem todas amarelinhas ao mesmo tempo. O que não ocorre naturalmente na natureza. Pedi emprestado o carrinho de feira da minha mãe e comecei a me arriscar no bairro, vendendo as bananas que meu pai trazia para casa no fim de semana, para os quintandeiros do bairro. Eu devia ter uns 12 ou 13 anos. Com o tempo, esse pequeno negócio que eu havia criado começou a prosperar tanto que os quitandeiros já me esperavam chegar com o meu carrinho de feira lotado de bananas, muito bem selecionadas e saborosas.

Esse foi o meu início na vida do trabalho. Até hoje guardo muitas lições que aprendi através desta experiência. Eu tinha o meu próprio dinheirinho e desta forma, do meu jeito, eu ajudava os meus pais a não terem que se preocupar com mesadas, ou quantias para o cinema ou para as guloseimas, muito comum nesta idade. Essa experiência também me fez amadurecer para vida e entender que  só superamos as dificuldades, enfrentando, trabalhando, sendo criativo, tendo coragem e por aí afora. Isso criou em mim um gosto para a realização, para o trabalho, e a satisfação de poder ter independência financeira, embora bastante limitada nesta idade, mas que era suficiente para dar o sabor de ter o dinheiro, fruto do meu próprio trabalho. A partir daí também comecei a vender jornais para os açougues. Naquela época era muito comum usá-los para embrulhar a carne. Eu vendia tudo o que era possível para os ferros velhos de vida. A minha mãe dizia que eu vendia qualquer coisa, menos a mãe. Ela tinha razão....

Como eu sabia que, para crescer e evoluir eu precisava estudar, nunca deixei isso de lado e, felizmente através de bolsas de estudo que consegui, estudei em colégio Marista com alto nível de ensino. Decidi fazer a faculdade de Economia, pois gostava muito desta coisa da negociação, do comércio, e percebia que este curso me daria esta visão. O que de fato é verdadeiro, embora a minha carreira não tenha ficado concentrada só em negócios.

Já que trabalho sempre foi o meu lema, tive a sorte de conseguir um Estágio no primeiro ano de faculdade, ainda careca do trote, numa grande multinacional Americana. Ali foi o começo de tudo. Fui ganhando experiência corporativa, até o momento em que fui efetivado como Executivo nesta empresa. Obviamente que,  devido às dificuldades financeiras da minha família, na adolescência eu não falava uma palavra em Inglês. E todo mundo sabe, desde aquela época, que para progredir numa empresa Americana é preciso dominar o idioma. Aí acontece aquelas coisas na vida que a gente não consegue explicar : Eu tinha um Diretor Americano, que num belo dia falou pra mim. “Prepara os documentos que eu vou lhe mandar para os Estados Unidos”. Fiquei apavorado, pois não falava nem bom dia em Inglês e tinha só 22 anos.

E assim aconteceu... esta empresa me mandou para os Estados Unidos onde eu fiquei nos primeiros 6 meses estudando Inglês todos os dias pela manhã. Esse Diretor foi meu anjo da guarda, porque a partir desta primeira experiência no exterior eu não parei mais. Foram 35 anos de vida corporativa em Multinacionais Americanas e duas vezes expatriado para os Estados Unidos. Sendo que a última vez, como Diretor da Corporação.

Às vezes paro, penso e não acredito em tudo que aconteceu. Como alguém nas minhas condições iniciais poderia ter um destino tão diferente no futuro? Jamais acreditaria, se alguém falasse, que isso aconteceria comigo. Precisamos mesmo acreditar mais no nosso potencial, na nossa determinação, e encarar de frente e sem medo, todos os desafios.... Acredite, os tempos eram bem difíceis, talvez até mais do que os dias atuais. O importante é focar na solução e não problema. Quando fazemos isso com determinação, nada é impossível nesta vida!!!!

3 comentários:

  1. Parabéns Westin pela dedicação e espírito empreendedor, nunca desistindo de seus sonhos. Foram difíceis mas ao longo do tempo acredito que tbm foram muito gratificante a experiência.

    Parabéns pelo artigo.
    Vilela

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  2. Parabéns Westin pela dedicação e espírito empreendedor, nunca desistindo de seus sonhos. Foram difíceis mas ao longo do tempo acredito que tbm foram muito gratificante a experiência.

    Parabéns pelo artigo.
    Vilela

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