segunda-feira, 14 de setembro de 2015

O ORÇAMENTO NO FIO DA NAVALHA

Em tempos difíceis, não tem muito espaço para errar no orçamento. Meu avô dizia:"ganhar pouco ou muito não é a questão, o difícil é viver de acordo com o que se ganha". Vivemos num mundo onde somos constantemente bombardeados por estímulos ao consumo. É na televisão, nos jornais, revistas ou o pior na vizinhança ou na família, quando alguém troca de carro, ou compra um imóvel novo. Dá uma vontade também de comprar, mesmo que não tenhamos tanta necessidade. A isso se chama o “efeito manada”. Os estudiosos do assunto, sabem que muitas coisas que se compra ou se gasta tem muito mais a ver com o nosso impulso psicológico do que racional. Essa talvez seja a nossa maior armadilha, especialmente em tempos de crise. É uma tentação comprar bens e serviços, mesmo sem dinheiro ,especialmente usando o sistema de crédito. Os problemas aparecem depois, quando as contas começam a cair, e muita gente se dá conta de que a renda ficou menor do que os gastos.
Num País como o Brasil, com taxas de juros exorbitantes, usar o crédito, especialmente do cartão de crédito ou do cheque especial, eu diria que é um “suicídio financeiro”. É muito fácil de entrar, porque os agentes financeiros até facilitam a entrada, mas o problema depois é sair desta situação. Parece uma armadilha para pegar peixe. Como estes agentes “vendem” dinheiro, no fundo eles querem mesmo é o pagamento dos juros deste “dinheiro”. Por isso no Brasil o sistema financeiro é tão rico, robusto e poderoso.

Fico estarrecido de ouvir ou ler notícias a respeito do endividamento das famílias ou do aumento da inadimplência por falta de pagamento. As construtoras neste momento estão com um grande problema, que é devolução de imóveis por pessoas que não conseguiram pagá-los. Os jornais estão sempre publicando leilões de centenas de veículos por falta de pagamento do financiamento junto ao sistema financeiro.

Uma parte destes problemas ocorre devido ao baixo nível de renda da população, que não tem opção para comprar se não utilizar os sistemas de crédito disponível. Outra parte é falta de educação financeira das pessoas. Parece algo tão simples, não gastar mais do que se ganha, mas na vida real, não é isso que acontece. Há um descontrole das contas, porque são poucas as pessoas que se dão ao trabalho de ter um “orçamento doméstico”, por mais simples que este possa ser.
Tudo isso que estamos falando é considerando uma situação de normalidade da economia, com vento a favor. Só que quando as coisas mudam, a economia piora, muita gente não se preparou para este novo momento. As despesas continuam altas, o nível de poupança quando existe é muito baixo ou negativo, e se houver a infelicidade de perder o emprego ou a renda, o quadro fica bastante complicado. O orçamento está tão comprometido, que não há espaço para outros gastos emergenciais ou mesmo para sustentar por um tempo, a falta de entrada de recursos. Este problema não é só com relação às pessoas, ou às famílias, ele pode ser igualmente aplicado para as empresas ou mesmo governo. Basta ver as notícias nos jornais do problema orçamentário que o Brasil está vivendo. Com a crise, a receita do governo caiu, entretanto as despesas comprometidas se mantiveram praticamente iguais. O resultado é a falta de recursos para pagar os gastos excedentes. Como no Brasil o governo detesta cortar as suas despesas, só lhe resta a opção de aumentar os impostos, o que na situação atual tem um custo político muito alto. Aliás, diante do quadro econômico, isso seria um atentado contra a população.

É importante se preparar nos tempos de normalidade, para enfrentar possíveis crises econômicas futuras. Neste caso algumas sugestões: Corte todas as despesas que não forem essenciais.Elabore um orçamento de receita e despesas para identificar em detalhes cada um dos gastos. Eles geralmente se classificam em despesas fixas (mais difícil de cortar) e despesas variáveis, que são mais fáceis em geral de serem eliminadas, reduzidas ou evitadas. Controle o orçamento com “mão de ferro” . Para aqueles que perderam a sua fonte de receita, é ainda mais crítico ter um orçamento, para identificar onde é possível economizar e guardar um pouco de recurso. Evite gastar além do orçamento, especialmente utilizando os sistemas de crédito. Se possível procure juntar o dinheiro e fazer compras e pagamentos à vista. Com estas atitudes, com certeza surgirão melhores negociações, e a disciplina de gastar de acordo com o orçamento trará resultados muito positivos. Além disso muito menos stress na família. Tem um ditado popular que é muito verdadeiro: "Onde falta o pão todo mundo grita, e ninguém tem razão".

Se nos habituarmos a fazer um orçamento e gastar apenas o que é possível de acordo com a renda certamente teremos uma vida mais tranquila, com segurança e com perspectivas de um futuro melhor.

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