domingo, 15 de fevereiro de 2015

SERÁ QUE DÁ PARA EXECUTAR SEM PLANEJAR?



Nos últimos tempos eu venho refletindo bastante em como enfrentar toda esta instabilidade que domina o nosso País e por consequência as nossas empresas. Ao longo dos meus mais de 40 anos de profissão eu não me lembro de nenhum ano ou momento, ouvir da maioria das pessoas: “Este próximo ano vai ser tranquilo”.  Morei duas vezes a trabalho nos Estados Unidos, e nem mesmo num País tão desenvolvido, essa conversa de que o ano será fácil, prosperava. Todos os anos são desafiadores. Alguns mais do que os outros.
Eu tinha um Líder nos Estados Unidos que sempre me falava  ”Quando a perspectiva do ano é mais difícil ou mais desafiadora, a saída é trabalhar mais para compensar as dificuldades”. Depois de todos estes anos eu concordo com ele. Se o ano é mais difícil ou mais desafiador a saída para todos é trabalhar mais para compensar. Não adianta reclamar, ou ficar excessivamente preocupado. A decisão cabe a cada um de nós se queremos ficar no grupo dos que choram, ou no dos que vendem lenços. Obviamente que é bem melhor fazer parte do último grupo...
Todos os países e todas as economias de tempos em tempos passam por dificuldades. Ninguém escapa disso. É só ter uma visão histórica do que a Europa, Estados Unidos e países Asiáticos já tiveram que enfrentar. A pergunta que eu faço é: Como estes Países lidam com estas situações instáveis? Por que conseguem rapidamente se organizar para lidar com estas situações?
A minha vivência trabalhando fora do Brasil em grandes multinacionais, me diz que sem planejamento não há salvação para um país ou uma empresa encontrar a solução dos seus problemas. Não adianta sair improvisando ou executando, achando que fazendo várias coisas pontuais irá resolver os problemas.
Culturalmente o Brasil é um país que planeja pouco. Tendemos a ser reativos e querer logo partir para a ação sem muito planejamento ou análise do que está acontecendo. Esta é uma grande diferença de como lidamos com os problemas versus o que ocorre nos países desenvolvidos.
Gastamos pouco tempo com análises e planejamento e saímos para a execução. O resultado é que depois gastamos muito mais tempo refazendo e corrigindo o trabalho, enquanto nos países mais avançados ocorre exatamente o oposto. Gastam mais tempo no planejamento e depois muito menos na execução. A somatória total de tempo, eficiência, resultado, etc. é muito mais favorável nos países desenvolvidos. Nós brasileiros, de um modo geral,( claro que existe exceção) achamos que planejar é de uma certa forma “perda de tempo”, o importante é sair fazendo. O risco disso é viajarmos para Campinas, quando na verdade gostaríamos de ter ido para Santos. No meio da viagem percebemos que erramos a rota. Aí temos que retornar de onde estivemos para pegarmos o caminho certo.
Classicamente podemos dizer que planejar é antecipar o futuro ou as situações. Quanto mais complexa e difícil é a situação, mais necessidade temos de pensar nas alternativas, nas possibilidades de soluções. Um bom exemplo de falta de planejamento, é o trânsito nas grandes cidades no Brasil. Cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, cujo planejamento de vias e transportes, não foram feitos, o cidadão sofre enfrentando todos os dias o caos do trânsito. Poderia ser diferente? Claro que sim. Se lá atrás houvesse planejamento, certamente esta situação seria muito tranquila hoje. Como não houve um estudo detalhado, acaba sendo necessário medidas de contingências, como rodízio de carros, etc. penalizando o cidadão e gerando altos custos para as empresas e para as pessoas, tendo em vista o tempo gasto no seu deslocamento.
Se analisarmos as empresas, vamos verificar que esta situação é bastante semelhante. De um modo geral há pouco tempo dedicado ao planejamento, o que resulta numa quantidade enorme de retrabalho, e pouca qualidade nos produtos e serviços. O improviso é até visto como um valor na nossa cultura, só que isso tem um custo alto no que se refere à qualidade e produtividade. Por isso o Brasil quando comparado com outros países no mundo, é considerado pouco competitivo e de produtividade baixa.
Nos tempos difíceis que teremos que enfrentar, não adianta ficar se lamentando, reclamando, etc. A solução é trabalhar mais, planejar para que o resultado seja mais efetivo, e que possamos lidar mais facilmente com todas as situações que se apresentam. Por isso digo: sem planejamento não há salvação.

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