quinta-feira, 9 de outubro de 2014

SERÁ QUE VALE A PENA FICAR TROCANDO DE EMPREGO?


Hoje li um artigo em que um  profissional da área de Psicologia,  comentava que o fato de uma pessoa trocar muitas vezes de emprego, acabava sendo malvisto pela empresa eventualmente interessada em contrata-lo. Comentava o exemplo de uma pessoa que em 10 anos de profissão havia trocado 8 vezes de emprego.
A alegação de ser malvisto,  tem como fundamento a demonstração de falta de compromisso e engajamento com a organização. Citava também que alguns profissionais já estavam tendo problemas para encontrarem uma nova posição, à medida que apresentavam um curriculum com muitas mudanças de emprego.
Essa instabilidade apresentada por alguns profissionais desperta preocupação nas empresas na hora de contratar, pois não sabem se aquele funcionário irá ficar com a empresa por algum tempo, contribuindo, entendendo o negócio, etc.
Logo após este artigo,  haviam várias manifestações de pessoas alegando que este artigo era pura “manipulação” e só representava os interesses das empresas. Outros diziam que a geração Y é assim mesmo, não querem esperar para crescer, são mais imediatistas. Outros criticavam os RHs que só representavam os interessem das empresas e eram muito mal preparados, e por aí afora... Não vi nenhuma manifestação positiva defendendo o que o artigo comentava a respeito desta instabilidade das pessoas nos dias de hoje com relação ao emprego.
Quem será que tem razão? O artigo, que ao meu entender estava tentando fazer um alerta para as pessoas de que mudar tanto de trabalho pode ser prejudicial na busca de uma nova posição, ou as pessoas, que acreditam que a única forma de progredir profissionalmente e financeiramente é fazendo mudanças frequentemente?
Quando eu comecei a trabalhar o meu Chefe sinalizava que, se eu não fizesse nenhuma bobagem e tivesse um bom desempenho, eu teria uma carreira longa na empresa. Em outras palavras, a empresa cuidaria da minha carreira, claro desde que eu demonstrasse competência, lealdade, e bom desempenho.
Havia também uma teoria de que as pessoas precisavam ficar no mínimo 3 anos numa determinada função para terem tempo de aprender com os erros e acertos que cometiam. Este período era considerado o ciclo necessário de aprendizagem. Se alguém saísse antes disso, perderia uma parte deste ciclo e por consequência uma parte do seu aprendizado.
Como na vida sempre tem o movimento pendular, hoje vivemos o oposto daquela época. Não é mais necessário ter um ciclo tão longo (se é que 3 anos é considerado longo) e ficar na mesma função mais do que 1 ou 2 anos é perder tempo e regredir, profissionalmente falando. Foi criado um paradigma novo de que ficar na mesma empresa por algum tempo é prejudicial à carreira. Mostra que a pessoa está estagnada ou que é incompetente.
Eu sou cético quanto ao “efeito manada” criado pela sociedade nos mais diversos campos da nossa vida. Esta tem sido a maior dificuldade para os Economistas entenderem certos movimentos econômicos, que são mais de ordem psicológica do que lógica, racional do ponto de vista econômico. Em gestão de pessoas isso também deve ser avaliado cuidadosamente. Nem sempre esses conceitos propalados por muita gente são verdadeiros e podem ser muito falaciosos. Todo cuidado é pouco.
Uma pessoa que está tendo uma carreira brilhante e ascendente numa empresa, não vai concordar com este conceito de que mudar de emprego toda hora é a melhor forma de progredir profissionalmente.
É certo que o mundo mudou, as coisas são mais velozes, mas temos que tomar cuidado para não confundirmos velocidade com pressa e nem tão pouco  “modernidade” com “eternidade”. Existem tecnologias que nos dão muita velocidade e produtividade nos dias de hoje, mas não podemos confundir isso com os valores, como comportamentos, e aprendizados, que são permanentes e fazem parte do nosso mundo civilizatório.
As pessoas buscam sim crescimento contínuo nas suas carreiras, desenvolvimento profissional e pessoal, o que é muito salutar, mas as empresas também querem pessoas que tenham compromisso em ajudá-las nos seus desafios de negócios.   Quando há este alinhamento certamente haverá um processo de ganha-ganha para os dois lados, e quem se beneficia é a sociedade como um todo. Pessoas bem preparadas e empresas bem sucedidas....é o que todos desejamos.

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