O mundo do emprego e
do trabalho está em plena transformação. A forma como o trabalho ainda hoje é
organizado, tem muito a ver com os processos industriais do século passado: processos
padrões e repetitivos. Para lidar com estes processos é necessário empregar
pessoas que cuidarão dos mesmos, de uma forma regular e constante, sem grandes
alterações, apenas com algumas melhorias de eficiência e produtividade ao longo
do tempo. Esse é o modelo industrial que inspirou também muitos processos em
outras áreas de trabalho do ponto de vista organizacional, inspirado também nos
modelos militares e religiosos, que para funcionar precisam ser mais
hierarquizados e departamentalizados.
Com o advento da era
da informação, muitas coisas começaram a mudar. A tecnologia começou a
substituir a mão de obra em algumas funções e áreas de trabalho, notadamente
com muito mais qualidade e produtividade. Eu me recordo quando trabalhei na
indústria automobilística na década de 70, que uma empresa como a VW tinha em
São Bernardo do Campo em torno de 36 mil empregados, com uma produção x de
carros. Hoje deve ter menos de 10 mil empregados para uma produção muitas vezes
superior ao daquela época. Apenas como exemplo do efeito da tecnologia na
substituição de mão de obra. Obviamente que, num primeiro momento, isso é muito
ruim para o emprego, porém ao longo do tempo isso se reverte em uma
qualificação maior das pessoas, para funções mais nobres e melhor remuneradas.
Além disso, não é possível parar o progresso, mesmo que a sociedade num
primeiro momento pague um preço alto, do ponto de vista do emprego.
Essas mudanças já
obrigaram a gestão do RH, a mudar de forma significativa o seu modelo de
gestão. Até o nome do Gestor de RH, que era até então chamado de Gestor de
Pessoal, depois Gestor de Relações Industriais, evoluiu para Gestor de Recursos
Humanos. Notem o nome que se dava na década de 70 para o Gestor de Pessoas. Era
Gestor de Relações Industriais. O fator humano de alguma forma era retratado
como um recurso industrial, quase equivalente aos outros recursos materiais.
Não é a toa que nesta época explodem os movimentos sindicais. A medida que a
tecnologia foi avançando, o trabalho foi ganhando mais complexidade e exigindo
das empresas uma maior sofisticação na gestão de pessoas. Houve uma diminuição
do volume de colaboradores, entretanto houve também uma maior qualificação das
pessoas para as posições restantes.
Com isso, buscar os novos talentos,
desenvolve-los, mantê-los e retê-los, tornou-se muito mais complexo para as
organizações. Para atender esta nova demanda, aliado ao progresso econômico da
época, a área de Recursos Humanos teve que fazer um upgrade e evoluir para um
novo patamar de qualificação.
Este ciclo da era da
informação, segundo alguns autores, se encerrou no início do ano 2000, e uma
nova era tecnológica se iniciou a partir deste momento, que está sendo
conhecida com a Era Digital. Estamos apenas no seu início, mas já percebemos
claramente as mudanças e inovações que isto está trazendo.
Com este avanço da
era digital, as formas de trabalho também estão de modificando de forma
revolucionária. Poderíamos dizer que hoje não é necessário que as pessoas
estejam fisicamente num escritório, tendo em vista que é possível se conectar e
trabalhar de qualquer lugar no planeta. O custo de deslocamento nos grandes
centros, além do custo de manutenção dos escritórios, em breve fará com que as
pessoas trabalhem das suas casas, ou locais remotos sem necessidade de estarem
num lugar coletivo.
Além disso muitas das
funções que estão incorporadas na forma de emprego nas organizações, deixarão
de existir. O custo é muito alto para manter, especialmente aquelas funções que
são mais necessárias em alguns momentos do trabalho. É notável a quantidade de
pessoas hoje que trabalham nos seus pequenos negócios prestando serviços para
as organizações. A tal da terceirização, consultorias, ou prestação de serviços,
seja lá os nomes que queiramos dar. Fica claro que a organização do trabalho,
será muito mais no formato de projetos, ou num modelo de como é feito um filme.
Trabalhos são agregados em momentos diferentes conforme a necessidade. E isso
poderá ser feito de qualquer parte do planeta.
Concluindo, a gestão
do trabalho seja qual for o formato ou o processo será mais crítico do que a
gestão de recursos humanos como conhecemos hoje. É este novo modelo que irá
agregar mais valor ao negócio com muito mais eficiência e resultado. Resta
saber se as empresas estão preparadas ou se preparando para este novo mundo.
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