De alguma forma existem certas
vantagens em ser Economista e trabalhar por muitos anos na área de Gestão de
Pessoas. Dá para entender um pouco, ou assimilar de uma forma mais pragmática,
o que acontece na Economia e no mundo do trabalho.
A sequência de fatos negativos que temos
tido na Economia, começa em 2014 com estagnação, e depois seguida de recessão
em 2015 e 2016. A pergunta que fica no ar é a seguinte: Em 2017 teremos mais um
ano de recessão ou estagnação? Os mais positivos falam que a Economia parou de
“piorar” e que possivelmente teremos um novo ano com ligeiro crescimento, ou
quase uma estagnação novamente. Os mais céticos, e porque não dizer os pessimistas,
acreditam que teremos mais um ano de recessão. A verdade é que estas duas
perspectivas não estão erradas. Será mesmo entre a estagnação e a recessão que
possivelmente viveremos no próximo período anual.
A Economia funciona concretamente
baseada em três vetores críticos que são: a inflação, os juros e a taxa de
câmbio. Este é o tripé de indicadores macro, que nos dá informações ou pistas
de como o paciente, neste caso a Economia, está se comportando. Outro indicador
que cada vez mais demonstra o seu total poder, é o comportamento psicológico
das pessoas. Este é um indicador que, de certa forma, é desprezado pela maioria
dos analistas, mas que tem um impacto enorme na Economia. É muito simples
explicar: há uma diferença em conceito muito grande entre a pessoa poupar
recursos, versus restringir consumo para poupar recursos. O primeiro é oriundo
do que sobra da renda das pessoas depois de elas utilizarem parte da renda no
consumo. Esta “sobra” geralmente é destinada à pequenos investimentos para
prevenir o futuro, ou compras especiais, como troca ou compra de moradia, carro
etc. O segundo é relativo à restrição do consumo, quando as pessoas param de
consumir ou diminuem o seu poder de compra por medo de perder a sua renda no
futuro (desemprego), ou mesmo por conta da diminuição de postos de trabalho. Esta
redução do consumo provoca queda na produção, que por consequência provoca desemprego,
e isso vira um círculo vicioso difícil de ser quebrado. Este tem sido o cenário
de uma forma bastante simplista do que temos vivido nestes últimos três anos,
com grandes chances de se repetir em 2017.
Adicionalmente a este cenário,
existem outros dois grandes influenciadores da Economia, que são: os gastos do
governo, e a estabilidade política e institucional do País. De uma forma bem
simples, um governo que gasta mais do que arrecada, assim como uma família, tem
que pedir dinheiro do mercado, pagando juros atrativos, pois caso contrário as
pessoas e os bancos não emprestariam o dinheiro. A outra alternativa é recorrer
à emissão de moeda para cobrir os seus déficits que, como todos sabemos, está
gigante e fora do controle. Tem um outro agravante: nenhum governo gosta de
cortar os seus gastos. Essas duas situações, de emprestar ou emitir dinheiro,
são altamente danosas para a Economia. Gera desequilíbrios enormes e produz
inflação, que como sabemos, penaliza mais os pobres do que os ricos.
Do ponto de vista político e
institucional, estamos vivendo também um pesadelo de escândalos e corrupção sem
precedentes na história do nosso país. Em nenhum momento, pelo menos nos
últimos 50 anos, vivemos tanta instabilidade e falta de credibilidade interna e
externamente. Por isso fomos rebaixados pelas instituições de avaliações internacionais.
Este quadro traz um agravante enorme para a Economia, que é a falta de
investimentos. Quem irá colocar dinheiro a risco num cenário como este que
temos vivido nos últimos anos? O País, ao ser rebaixado, deixa de ser atrativo
para investimentos por falta de credibilidade. Por exemplo: os fundos de
pensões Americanos são proibidos de investir em países que têm uma
classificação como a do Brasil. Este é um dos grandes prejuízos causados pelo ambiente
que temos hoje no nosso país. Os escândalos não param de acontecer e há uma
competição negativa entre os três poderes da república, que transformaram o
Brasil, literalmente numa “repúbliqueta de bananas”.
Dentro deste cenário que, mais do
que negativo, é realista, a melhor recomendação para 2017, é muita cautela.
Será um ano para ser administrado na ponta dos dedos, e devemos sim avançar e
procurar crescer, mas com muito juízo e precaução. O risco deve ser bastante
avaliado, pensado, para que a decisão seja a melhor possível. Se fizermos isso,
há grande probabilidade de fazermos uma travessia segura para tempos melhores a
partir de 2018.
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