É muito comum nos tempos de crise as empresas cortarem os
seus investimentos em treinamento. Eu só espero que as Companhias Aéreas não
pensem deste jeito em relação aos seus pilotos, e nem os Hospitais em relação
aos seu Médicos e corpo de Enfermagem.
Um amigo meu dizia que nos tempos de vacas magras as
empresas cortam as pernas para economizarem sapato e depois descobrem que não
podem andar. Uma coisa é cortar despesas, outra coisa é cortar investimentos
que possam comprometer o desempenho das pessoas e dos negócios no futuro. Muitas
empresas ainda consideram os gastos com treinamento, desenvolvimento, coaching,
etc. como despesa e não como investimento no seu capital humano.
As grandes organizações internacionais têm sucesso nos
seus negócios pois pensam exatamente o oposto. Em tempos de crise é a hora de
fazer os investimentos sejam de capital financeiro ou humano. Nestes momentos é
comum que os valores dos ativos estejam mais depreciados, portanto para quem se
preparou, é um bom momento para sair à caça de bons negócios. A lógica é
simples: investem nestes momentos pois o valor é mais atrativo e se preparam
para ganhar dinheiro na hora que o mercado voltar a crescer. Todo empreendedor
assim como os economistas sabem que o mercado pode estar em baixa num
determinado momento, mas com certeza voltará a crescer no momento seguinte.
Do ponto de vista do capital humano deveríamos seguir o
mesmo princípio. No momento que as atividades estão mais fracas, é o melhor
momento para disponibilizar das pessoas para treina-las, desenvolve-las e
prepara-las para utiliza-las com todo o seu potencial quando o mercado retomar.
Não consigo imaginar uma organização com resultados sustentáveis e socialmente
responsáveis com outra mentalidade que não seja essa. O capital humano
talentoso e experiente está cada vez mais escasso, portanto não dá para
desperdiçar e nem tão pouco desprezar.
Se os recursos estão mais escassos é perfeitamente
entendível que a empresa planeje adequadamente para utilizar da forma mais
eficientes estes recursos. Deve selecionar quais os investimentos em
treinamento e desenvolvimento que são prioritários para aumentar a
produtividade e os resultados no futuro. Fazer este tipo de planejamento é
fazer uma gestão estratégica do capital humano. Muitos executivos falam tanto
de gestão estratégica de pessoas, mas na prática não sabem como fazê-lo. Este é
um bom momento para colocar em ação o que tanto pedem para RH fazer, que é
cuidar estrategicamente do capital humano.
Temos que mudar a mentalidade de fazer treinamento e
desenvolvimento de pessoas de forma oportunista. Precisamos pensar nisso como
pensamos nos negócios e de forma sustentável. Não é possível, por falta de um
planejamento adequado, recorrer a toda hora ao mercado em busca dos talentos
que nos fazem falta. Este mercado de mão de obra está ficando cada vez mais
escasso. As empresas não concorrem mais para mão de obra entre si. Existem
muitas outras formas de trabalho que estão absorvendo as pessoas mais
talentosas no mercado, como a internet. Ela criou milhões de oportunidade de
trabalho com investimento baixo de capital. Aliá, os jovens de hoje se sentem
muito motivados a terem os seus próprios negócios, e isso certamente faz com a
quantidade de talentos fique ainda mais reduzida.
Investir em treinamento e desenvolvimento fortalece o
engajamento das pessoas e a retenção dos talentos. É nos momentos difíceis que
as pessoas conhecem efetivamente a organização que estão trabalhando, assim
como os seus líderes.
Bom, acho que agora eu vou me sentir mais tranquilo para
embarcar na próxima viagem de avião. Desejo boa viagem a todos!!
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