Nunca se falou e escreveu tanto sobre Liderança como nessas duas últimas
décadas. O papel do Líder assumiu uma importância para os negócios, muito
crítica. Por esta razão várias abordagens foram criadas para descrever o papel
do Gestor, como Líder Coach, Líder Educador, Líder Engajador e vai por aí
afora. Alguns desses conceitos são bastante interessantes, ampliando a reflexão
sobre a Liderança e o seu papel nas organizações.
Diante deste quadro não podemos perder de vista a perspectiva básica do
papel do Líder, de dar direcionamento, planejar, controlar, acompanhar,
etc. Funções intrínseca à Liderança. Além disso, mais do que o papel propriamente
dito, deveríamos dispender tempo na discussão e reflexão do comportamento que
queremos ter nas nossas Lideranças. Pensando nisso é que lembrei ter lido em
algum lugar que o Líder deve ser exigente com o trabalho e generoso com as
pessoas. Vejo em algumas empresas exatamente o contrário. Líderes que são
exigentes e autoritários com as pessoas e muitas vezes até relaxados com o
trabalho ou com as tarefas a serem executadas. Preocupam-se mais em demonstrar
o seu poder e a sua autoridade do que buscar o melhor resultado através das
pessoas. Felizmente é uma minoria.
Quando observamos algumas empresas atuando fora do Brasil, em culturas
diferentes da nossa, percebemos que o sucesso dessas organizações passa por ter
Líderes que sabem ser exigentes com o trabalho, no nível correto, e cuidadosos
e generosos com as pessoas. Da mesma forma se observa que as pessoas nessas
organizações e Países entendem esta diferenciação. Mesmo quando os Líderes são
mais exigentes com os indivíduos, elas conseguem distinguir o que é a pessoa do
que é a função. Portanto lidam com estas demandas e exigências de uma forma
muito mais racional do que emocional. Uma eventual crítica é com relação ao
trabalho, a função, mas não com a pessoa que ocupa aquela determinada função.
É muito mais produtivo e certamente traz muito mais resultados, quando o
Líder aborda a sua organização dessa forma. A competição e a concorrência
obriga as Lideranças a estarem mais atentas e focadas, e por consequência mais
exigentes com relação aos resultados do trabalho. Por outro lado sabem
claramente que o engajamento e a motivação das pessoas na equipe é crítico para
alcançar o resultado. O excesso de autoritarismo e exigência, podem funcionar
até um determinado ponto, mas certamente não será sustentável ao longo do
tempo.
Quando olhamos as gerações mais novas que estão entrando no mercado de
trabalho, observamos que são intolerantes com os Líderes que se comportam mais
como “Chefes” no mal sentido, do que “Líderes” no bom sentido. Desejam ter como
Gestores pessoas que sejam exigentes no trabalho, porque percebem que isto os
desafiará a crescer e a se desenvolver, mas também desejam que os mesmos sejam
um exemplo, uma fonte de inspiração.
Quando faço uma analogia com a família, que ao meu ver é a primeira
escola de Liderança a que todos nós somos expostos, observamos que os pais
exercem hoje e cada vez mais, um papel de Liderança mais democrático, exigente
com os filhos do ponto de vista de resultado,
mas generosos em se tratando de apoiar e ajudar as crianças nesta caminhada.
Claro que em toda regra tem exceção. Isto talvez explique em parte porque os
filhos ficam hoje até mais tarde na casa dos seus pais. Buscam o seu
desenvolvimento profissional, mas ao mesmo tempo se sentem protegidos e
tratados pelos pais com generosidade.
Quando olho o futuro, e da mesma forma fazendo uma analogia entre a
família e as organizações, creio que cada vez mais o estilo de Liderança tenha
que estar alinhados com o modelo de Liderança das famílias. O processo de
engajamento e retenção passa por este alinhamento, ou do contrário muito dos
talentos que existem e existirão se sentirão mais atraídos por atividades
próprias do que se engajar numa organização. Ser exigente com o trabalho e
generoso com os indivíduos será um fator chave na gestão de pessoas.
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