quinta-feira, 1 de março de 2018

A IMPORTÂNCIA DA AUTO LIDERANÇA NO MUNDO DIGITAL

Se existe algo que está em plena transformação, é o conceito de Liderança. Ainda vejo muitos autores e consultores falando deste tema, mas que na minha visão em muitos casos, está totalmente contaminado e influenciado pelo modelo industrial. Se refletirmos um pouco sobre o processo de Liderança e o que ocorreu nos últimos 50 anos, vamos notar o quanto mudou e mudará este conceito. Fica claro que, do período agrícola, passando pelo industrial, e na sequência pelo da informação, o papel do Líder foi se democratizando e humanizando ao longo dos anos. No início da era agrícola, o perfil era de um senhor feudal, reforçado por uma imagem absolutamente ditadora, onde os empregados não tinham a menor participação ou influência nas decisões. Aliás, muitas vezes eram escravos que obedeciam resignados o que era determinado. Chegamos na era industrial com tudo contaminado e influenciado pelo período anterior. No começo desta fase do mundo, os Líderes eram pessoas bastante duras, autoritárias, e geralmente eram oriundos de áreas técnicas ou mesmo agrícolas. O indivíduo se destacava fortemente na sua competência técnica, e este era o critério predominante para ser promovido a Líder, ou melhor a “Chefe”. Durante muitos anos da era industrial, perdurou este modelo. A competência técnica era a mais valorizada para ocupar essas posições. Ao longo dos anos, com o advento da competição mais acirrada e a necessidade de desenvolver talentos, começou a ficar claro que este perfil era totalmente inadequado. As empresas ao promoverem excelente técnicos, começaram a ter Líderes medíocres que, na maioria das vezes, não tinham nenhuma habilidade ou competência para lidar com pessoas. Ou ainda pior, não gostavam de lidar com pessoas. Entretanto, essa também era uma forma de aumentar o seu salário. Portanto, para crescer na empresa, o indivíduo acabava sendo fadado a assumir alguma posição de chefia, mesmo que não gostasse ou tivesse o perfil para tal.

Chegamos a era da informação. Há um processo de aceleração da tecnologia em função da informática, que começa a obrigar as empresas a cuidarem melhor da busca e desenvolvimento dos talentos. A força bruta começa a ser substituída pela força inteligente, e para liderar estes novos talentos, o perfil do chefe da indústria começa a criar mais problemas do que solução. Em função dessas novas tecnologias, a demanda por talentos mais qualificados começa a crescer e a escassez destes talentos começa a ficar mais crítica. A partir deste momento, as empresas precisam ter lideranças mais qualificadas e com competências fortes para cuidar de pessoas. Há necessidade de desenvolve-las constantemente, mantê-las engajadas e trabalhando harmoniosamente em equipe. Já não há mais espaço para aquele líder durão, autoritário, que estressa todo o ambiente para conseguir o resultado. Muito embora ainda se encontre alguns líderes com este perfil “démodé”, em geral eles produzem resultados mesmo colocando todos em pânico e utilizando da pressão para isso. O fato de produzirem resultados, faz com que algumas empresas ainda tolerem esse tipo de liderança, mas com o tempo, começam a perceber o estrago que fazem. O resultado são equipes desmotivadas, perda dos melhores talentos e a falta de atratividade no mercado para trazer e engajar os melhores profissionais.

Na atual era digital, caracterizada fundamentalmente por pessoas das gerações X,Y e Milenia, a necessidade de todos trabalharem juntos no mesmo local se torna desnecessária, salvo em algumas situações e momentos. Muitas organizações trabalham de forma remota. Em várias localidades, os acessos e as comunicações são muito mais digitais do que presenciais. Temos um ambiente agora que precisa de excelente comunicação e plena colaboração para poder funcionar bem. E agora, qual é o perfil ideal de liderança para cuidar dos negócios nesta nova fase empresarial que vivemos?

Há quem diga que o Líder atual tem um papel fundamental de comunicação, integração de funções, regiões, processos, e muito mais. Prevalece mais a característica de “facilitador” do que “Líder”, como em geral conhecemos como definição. As pessoas destas gerações mais novas gostam de muita autonomia e flexibilidade para trabalhar e se motivar. Aquele perfil do Líder anterior já não se encaixa mais no novo modelo empresarial. A verdade é que este novo papel de liderança ainda está em construção. O desenvolvimento deste novo Líder, que vai construir o futuro, é o grande desafio para as Organizações. Na minha visão, existe algo mais complexo: O profissional desta nova geração terá que se desenvolver para se auto liderar. Deverá compreender que ter competências técnicas e sociais não serão suficientes para ter sucesso neste novo contexto. Deverá assumir responsabilidades efetivas de liderança. A palavra “empowerment”, terá grande importância para esta nova geração. Não haverá Líderes para dar direcionamento, ou apoio imediato, ou estímulos para a equipe como nos modelos anteriores. Agora os profissionais terão que ser mais completos. Este será na minha visão o grande desafio desta nova geração.

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