Trabalhando hoje como Consultor de Gestão de Pessoas, escuto
frequentemente este tipo de frase: “Não sei o que eu quero, mas sei o que eu
não quero...” Nos diálogos de carreira, especialmente com o pessoal jovem, esta
é a expressão que mais escuto. Aliás, desde quando eu estava na vida executiva,
como Diretor de RH, era comum me deparar com alguém insatisfeito com a sua
trajetória profissional, usando este mesmo argumento. As escolhas profissionais
são sempre bastante difíceis e complexas. A começar quando ainda somos jovens e
precisamos definir a formação acadêmica que desejamos cursar. Como alguém com
17 ou 18 anos pode ter certeza quanto a profissão que deseja abraçar? Acho muito
complicado e o resultado acabamos vendo mais tarde. Muitas pessoas se formam em
determinada profissão, mas acabam fazendo outras coisas que não têm nada a ver
com a sua formação inicial. De uma certa maneira, eu nem acho isso muito ruim,
porque sempre pensei que o mais importante é a pessoa desenvolver um
“pensamento em nível superior” independente da sua formação acadêmica
propriamente dita. A experiência acabará vindo com a prática. Tive a oportunidade
de trabalhar nos Estados Unidos e no Brasil com profissionais que tinham
posições de destaque em negócios, com formações acadêmicas bastante distintas.
Lembro-me de um Gerente Geral da América Latina numa empresa farmacêutica que
trabalhei, cuja a formação acadêmica era em História. Isso acaba confirmando
para mim, que o mais importante é o desenvolvimento do pensamento, como
mencionei anteriormente.
Ultimamente tenho notado mais jovens com o conflito de qual
carreira ou que trabalho escolher. Penso que este mundo de comunicação intensa
e de transformação constante está trazendo uma inquietação e uma ansiedade
muito grande para os jovens. São tantas informações e possibilidades que fica
cada vez mais difícil fazer as escolhas certas ou que trazem maior satisfação. Quando
morei nos Estados Unidos e precisava de um carro, adquiri um guia completo para
compra de automóveis. Quase enlouqueci de tantas opções, modelos e marcas que
existiam. Fiquei bastante confuso e ansioso pois não conseguia decidir a
simples escolha de um carro para a família. Talvez esse seja de alguma forma, o
fenômeno que está ocorrendo para os jovens na escolha de carreira. São tantas
opções e possibilidades, que fica muito difícil conseguir focar e saber por
onde seguir.
Encontro jovens que se graduam, depois descobrem que não
gostam da profissão e abandonam. Outros começam a fazer outras graduações após
a conclusão da primeira, em busca de algo que não encontraram na escolha
inicial. Algumas vezes acabam ficando mais confusos do que antes. Muitos me
questionam se deveriam fazer outra escolha para a formação. Por sorte alguns
destes jovens conseguem definir claramente o que querem e seguem as profissões
que abraçaram. Obviamente que depois vem outro tipo de desafio, que é a
especialidade que desejam seguir. Essa é uma outra batalha, porque muitas
formações permitem uma variada quantidade de opções. Por exemplo, quem faz
Direito, depois que se graduar poderá seguir vários caminhos profissionais.
Parece simples mas não é, já que esta formação abre muitos caminhos e
possibilidades distintas. Outros começam numa área que não gostam e ficam
frustrados rapidamente. A primeira reação é abandonar a profissão, quando na
realidade, muitas vezes, é preciso apenas um pequeno ajuste ou mudança. A minha
recomendação é sempre analisar bem se é a graduação que não foi o que esperava,
ou se é a área de atuação que não condiz ou tem a ver com a pessoa. Muitas
vezes o problema está no perfil do indivíduo e a área de atuação. Portanto, não
necessariamente tem a ver com a profissão ou a graduação escolhida. Por
exemplo: posso ser um Administrador de Empresa, com uma personalidade mais
voltada para finanças. Posso também ter a mesma graduação, entretanto ter uma
personalidade mais voltada para a área comercial.
Por essas e outras que muitas pessoas quando me procuram
para falar sobre carreira dizem: “Eu não sei o que eu quero, mas sei o que eu
não quero”. Desejo que todos possam encontrar o seu caminho profissional e
sejam felizes e realizados. Que possam dizer : “Sei o que eu quero e fiz a
escolha certa”.
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