Uma empresa é formada por vários agentes econômicos que a
fazem ser produtiva, rentável e atrativa do ponto de vista de investimento. Qualquer
empreendedor independente do seguimento de negócio objetiva ter um retorno para
o seu investimento. De uma maneira simplista poderíamos dizer que isto é a
essência do modelo capitalista.
Dentre estes vários agentes econômicos eu gostaria de focar
em um deles, que na minha visão é de fundamental importância para o empreendimento
de qualquer negócio: o Capital Humano. Hoje mais do que nunca este é um fator
fundamental para o sucesso e o crescimento do negócio. O capital financeiro e a
tecnologia estão disponíveis de forma abundante no mercado. Os grandes fatores
que são diferenciais atualmente no mundo dos negócios são a capacitação e a
qualidade dos talentos humanos, aqui traduzidos como o Capital Humano.
Quando analisamos a questão da Gestão do Capital Humano nas
empresas, do ponto de vista exclusivamente econômico, temos ainda um longo
caminho a seguir. A gestão de recursos humanos, faz relativamente bem a gestão
da atração e desenvolvimento de pessoas, mas carece de uma análise mais precisa
da contribuição econômica deste “capital” para o resultado do negócio. Existem poucos
indicadores concretos que possam avaliar de maneira prática, a contribuição do
capital humano para o resultado do negócio. Também sinto falta de uma visão
mais econômica dos gestores de recursos humanos neste sentido. Percebo
claramente que muitos CEO´s ficam ansiosos ou até mesmo avaliam mal a gestão de
RH em virtude da falta de uma linguagem mais econômico-financeira por parte dos
gestores. Em geral as pessoas que direcionam as suas carreiras em gestão de
pessoas, têm formação em áreas como Psicologia, Administração de Empresas, ou
afins, com ênfase no comportamento humano. Isso faz com que acabem focando mais
o lado comportamental do que econômico da gestão de pessoas. Nada errado nisso,
mas ao lidar com outras áreas de negócios da empresa, cujo foco principal é o
resultado econômico, isso acaba sendo uma limitação ou um gap, que precisa ser
cuidado. Tem a ver com a credibilidade.
Se observarmos a função de recursos humanos nas empresas,
vamos notar que existem duas grandes áreas de impacto econômico no negócio. De
um lado temos uma área que envolve grande quantidade de despesas para a organização,
como por exemplo: despesas com benefícios, fundo de pensão, salários, encargos
sociais, férias, contratação, bônus, comissões, etc. Ou seja, a contratação de
uma pessoa, automaticamente gera uma quantidade de despesas grandes, que se
agrava ainda mais tendo em vista os encargos sociais, e impostos oriundos da
legislação Brasileira. Aliás uma das grandes discussões neste momento, tendo em
vista a Reforma Trabalhista. O custo da mão de obra no Brasil, acaba
prejudicando a nossa competitividade quando comparado com outros Países no
mundo.
A outra área de impacto tem a ver com custos e
investimentos no capital humano. Por exemplo, a contratação de mais uma pessoa
nos leva a fazer os seguintes questionamentos: Qual será o custo e o retorno
desta função para o negócio? Qual será o investimento necessário da empresa até
que esta pessoa esteja performando plenamente? Vai haver um programa de
treinamento? Qual será o retorno deste investimento para o negócio? Qual é
custo adequado da estrutura organizacional para cada função na organização?
Qual é custo da mão de obra sobre o faturamento da empresa? Estes são exemplos
de uma gestão do capital humano dentro de uma ótica de gestão econômica
financeira.
Atualmente existe um movimento no mundo voltado para este
tema, através do “People Analytic”. Em resumo, é a utilização de dados
analíticos dentro da gestão de pessoas para a tomada de decisão com informações
e análise de dados. Ou seja, são decisões balizadas em informações concretas e
analisadas e não apenas em dados gerais ou muitas vezes apenas intuição.
A área de gestão de pessoas tem um grande desafio pela
frente de se preparar para fazer uma gestão econômica do capital humano. Não é
mais suficiente ter qualificações para cuidar do comportamento e do
desenvolvimento humano, sem este estar vinculado ao fator econômico ou
financeiro do negócio.
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