Acho que muita gente se sente desse
jeito, especialmente as pessoas um pouco mais velhas, que foram formatadas e
preparadas no modelo industrial ou agrícola. O avanço da tecnologia está evoluindo
tão rápido, que dá até medo de não conseguir acompanhar tudo isso, não é
verdade? Em São Paulo, para estacionar o seu carro na rua, é preciso baixar um
aplicativo, pois já não existe o velho cartão de estacionamento. Só para ter
uma ideia de como as coisas andam.
Recentemente o governo informou
que, a partir do próximo ano, o documento para pagamento do IPVA, não será mais
enviado pelo correio, mas de forma eletrônica. A declaração do imposto de
renda, há muito tempo já é feita eletronicamente. Vários serviços nos dias de
hoje são totalmente realizados de forma eletrônica, como bancos, etc.
A tecnologia, mas especificamente
da era digital, está invadindo todos os campos da nossa vida pessoal. Outro dia
fui ao cinema com a minha esposa, e ela levou os ingressos no seu celular e lá
fomos nós felizes assistir o nosso filme. Se você vai embarcar no aeroporto, da
mesma forma, o seu cartão de embarque pode estar apenas no seu celular, e boa
viagem. Quem não tiver um celular nos dias de hoje, em breve não vai poder sair
de casa. Cada vez mais a era digital invade o nosso dia a dia, facilitando e
simplificando muitas coisas. Às vezes fico com pena das pessoas mais idosas,
que não foram preparadas para lidar com tudo isso. Outro dia utilizei o caixa eletrônico
do banco e ao meu lado havia uma senhora que sofria para lidar com aquela máquina
tenebrosa que estava à sua frente. Deu pena de ver a dificuldade com que ela
lidava com aquele equipamento, que já é de domínio público. Por sorte apareceu
uma atendente do banco que a ajudou a operar e fazer as operações que
necessitava.
Todos os dias lemos no noticiário
algo envolvido com essa tal de tecnologia. Ultimamente várias notícias foram
publicadas falando do automóvel autônomo que não precisará mais do motorista.
Também neste mesmo contexto, já existem experiências de desenvolvimento para a
criação de veículos que poderão voar, usando a tecnologia dos drones, outra
coisa que falam todos os dias. Drones que são usados em atendimento de
emergência, para entrega de mercadorias, controle de tráfego e assim por
diante. Os motoboys da cidade de São Paulo estão ficando preocupados, se esta
novidade entrar para valer. Mais recentemente, um amigo comentou que
conseguiram imprimir numa impressora 3D, uma orelha humana, que poderia ser
usada num implante cirúrgico.
Há estudiosos e cenaristas prevendo
que no futuro todos os trabalhos repetitivos deixarão de ser feito por humanos,
e substituído por robôs. Não é exagero. Se verificarmos na indústria
automobilística, todos os processos de soldas e pinturas já são executados por
robôs. Trabalho este que era no passado feito por pessoas. E diga-se de
passagem, este trabalho é mais eficiente, de melhor qualidade e com menos risco
de saúde do que quando era feito por seres humanos.
No campo do desenvolvimento humano,
toda esta tecnologia desenvolvida para os jogos, conhecida como “gamificação”,
já está sendo empregada por algumas empresas para selecionar, e ou desenvolver
pessoas, através dos jogos.
A coisa não para por aí. No campo
da genética, a revolução é ainda muito maior. Com o sequenciamento do DNA é
possível identificar potenciais doenças numa pessoa que poderia vir a ocorrer
10, 20 ou daqui a 30 anos. É possível fazer clones de órgão humanos, o que
traria benefícios ilimitados para aquelas pessoas que ficam em filas
intermináveis de transplante. Haverá no futuro uma revolução na fabricação de
medicamentos. Hoje a grande maiorias das drogas são feitas para corrigir
problemas de saúde. No futuro, com o advento da biotecnologia, os medicamentos
serão feitos para prevenir e proteger a saúde, conhecidos como medicamentos
biológicos.
Ainda em relação a genética, há também
uma revolução na agricultura. Hoje é possível sequenciar uma planta de cactos,
separar o gen que dá resistência desértica, e colocar numa planta de milho. Ao
fazer isso será possível plantar o milho no deserto ampliando de forma
exponencial as áreas de produção agrícola no mundo. Da mesma forma, pode-se
sequenciar um pinheiro, separar o gen que dá resistência ao frio e colocar numa
planta de milho, para produzí-la em áreas totalmente geladas.
Em resumo, na minha visão
simplificamos de uma forma errônea ao chamarmos esta era de “digital”, que é
muito mais do que isso no campo tecnológico. Acho que seria mais acertado chamarmos
esta era que vivemos de era da “tecnologia”. O que não podemos esquecer é que
atrás de tudo isso está o ser humano. Como prepará-lo para lidar com todos
estes avanços? Como não podemos parar o progresso, precisamos cuidar para que
todas as pessoas façam parte deste avanço, caso contrário correremos o risco de
criarmos uma imensidão de pessoas analfabetas tecnologicamente e devoradas pelo
progresso.
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