O emprego, como nós
conhecemos atualmente, é algo relativamente recente, embora a sensação é que
isso exista desde sempre. A relação de capital e trabalho que conhecemos foi fortalecida
a partir do advento da revolução industrial no século passado. O famoso filme “Tempos
Modernos” do Charles Chaplin retrata de uma forma irônica o trabalho repetitivo
dos empregos na indústria. A grande demanda de emprego na indústria ocorreu basicamente
pela organização do trabalho em forma de processo contínuo, em que cada parte
desse processo tem que ser realizado por alguém ou por uma equipe. De uma forma
geral, estes trabalhos eram e são realizados de forma repetitiva, na maior
parte do tempo.
Este modelo durou
fortemente até a década de 60/70. A partir daí, com a introdução da informática,
dos computadores e da robótica, pouco a pouco o emprego na industria foi sendo
substituído por outras tecnologias. Este momento ficou conhecido como era da
informação ou do conhecimento, que segundo especialistas, durou até o início do
ano 2000. Nesta década houve uma redução significativa do emprego na indústria,
com ganhos muito grandes de produtividade. Até porque o mundo, com a
globalização, passou a competir mundialmente, e para ser competitivo a indústria
precisava se adequar a esta nova realidade.
Muitos empregos neste
momento, se deslocaram para áreas de serviços, tendo em vista as novas demandas
do Mercado. A partir de 2010, com o desenvolvimento de novas tecnologias,
entramos na era digital. Muitos serviços agora são realizados através das
plataformas na internet, e com isso, gradativamente, demandando menos mão de
obra para a sua realização. Um bom exemplo são os Bancos. Hoje basicamente se
pode fazer tudo via internet, gerando muito pouca necessidade de uma pessoa ir
à agência para ser atendido. Cada vez mais vamos presenciar um avanço na prestação
de serviços realizados via internet, sem necessidade da presença humana para
ser realizado. Muitas compras podem ser feitas através de várias plataformas de
varejo, sem necessidade alguma da pessoa ir a uma loja. Estamos apenas no
começo da era digital. Ainda virão muitas coisas pela frente.
Quando analisamos
estes cenários que estamos vivendo, e analisamos a situação do emprego como
tradicionalmente conhecemos, temos grandes dificuldades de imaginar o que
acontecerá no futuro. O setor industrial cada vez mais emprega menos pessoas.
Uma boa parte dessas pessoas estão sendo absorvidas em setores da era digital,
ou em novas atividades que estão sendo criadas e que não existiam antes. O conceito
de carreira que conhecíamos vai ter que ser totalmente repensado e redesenhado
dentro desta nova perspectiva. Na indústria, além de haver menos ofertas de
emprego, observa-se (dados apresentados recentemente numa pesquisa da AON com o
Valor nas Melhores Empresas em Gestão de Pessoas) que na faixa acima de 50
anos, existe em média, menos de 10% do total de empregados. Como os dados
mostram que a população está envelhecendo e terá uma longevidade maior, no
futuro próximo teremos um desafio muito grande em relação a emprego ou mesmo no
planejamento da carreira. Para complicar um pouco mais, em virtude da maior
longevidade, o governo necessitará aumentar a idade para as pessoas se
aposentarem, para poder ajustar os gastos públicos nesta área. Ou seja, as
pessoas terão que trabalhar mais para terem direito no futuro a uma aposentadoria
pelo INSS.
Quando juntamos todas
essas peças e analisamos estes cenários da evolução dos negócios, das mudanças
tecnológicas, do aumento da longevidade e da redução significativa do emprego
como conhecemos, torna-se urgente a necessidade de repensar este modelo das
relações do trabalho. Conheço muitos jovens que estão na faixa de 30 anos que
não conseguiram se encaixar nem no modelo tradicional de emprego e nem no novo
modelo. Acabaram sendo pegos nesta indefinição de qual caminho seguir. Até
porque, os próprios pais têm dificuldade em orientar os seus filhos, de como se
preparar para estes novos desafios.
É muito provável que
o emprego como conhecemos seja cada vez mais escasso, mas isto não significa
que haverá diminuição de trabalho. Com certeza a forma do trabalho está sendo
totalmente mudada, e mudará ainda mais para o futuro. Isto trará um desafio
para as atuais e futuras gerações, de como empregarão o seu potencial de
trabalho. Como desenhar uma carreira para o futuro? Como se preparar para ter atividade
por toda vida? São questões cruciais para as futuras gerações.
Nenhum comentário:
Postar um comentário