São momentos difíceis, como os que
estamos passando ultimamente, que me fazem recordar dos meus tempos de
juventude. Meu pai trabalhava na época com café em Santos, mas devido à uma
crise parecida com essa, no início da década de 60, acabou perdendo tudo e tendo
que fechar o seu negócio. Como a família da minha mãe há alguns anos estava
envolvida com agricultura, particularmente plantação de bananas, muito comum
naquela época no litoral Paulista, meu pai decidiu arriscar e comprar um
pequeno sítio para se dedicar a este tipo de cultura.
Ele não entendia nada deste cultivo
e teve que aprender a duras penas, sem de fato ao longo de muitos anos ter
sucesso. Era um tempo de conjuntura muito difícil, e para agravar a Argentina,
que era uma grande compradora de bananas do Brasil, decidiu não comprar mais.
Foi uma represália na época uma vez que o Brasil começou a produzir maçãs em
seu território.
Foram tempos complicados. Me
recordo que o meu pai enviava para o CEAGESP caminhões de bananas para
abastecer o mercado de São Paulo. A situação era tão complicada, que numa certa
vez, a venda de um caminhão desses, com 6 ou 7 toneladas de frutas, deu apenas
para o meu pai comprar um carrinho de mão de pedreiro. Não deu nem para cobrir
os custos de produção, transporte, distribuição, etc. Realmente eram tempos
muito desafiadores...
Eu era muito jovem e percebendo a
dificuldade dos meus pais, aprendi com o meu avô a “estufar” as bananas, de tal
forma que elas ficassem todas amarelinhas ao mesmo tempo. O que não ocorre
naturalmente na natureza. Pedi emprestado o carrinho de feira da minha mãe e
comecei a me arriscar no bairro, vendendo as bananas que meu pai trazia para
casa no fim de semana, para os quintandeiros do bairro. Eu devia ter uns 12 ou
13 anos. Com o tempo, esse pequeno negócio que eu havia criado começou a
prosperar tanto que os quitandeiros já me esperavam chegar com o meu carrinho
de feira lotado de bananas, muito bem selecionadas e saborosas.
Esse foi o meu início na vida do
trabalho. Até hoje guardo muitas lições que aprendi através desta experiência. Eu
tinha o meu próprio dinheirinho e desta forma, do meu jeito, eu ajudava os meus
pais a não terem que se preocupar com mesadas, ou quantias para o cinema ou
para as guloseimas, muito comum nesta idade. Essa experiência também me fez
amadurecer para vida e entender que só
superamos as dificuldades, enfrentando, trabalhando, sendo criativo, tendo
coragem e por aí afora. Isso criou em mim um gosto para a realização, para o
trabalho, e a satisfação de poder ter independência financeira, embora bastante
limitada nesta idade, mas que era suficiente para dar o sabor de ter o dinheiro,
fruto do meu próprio trabalho. A partir daí também comecei a vender jornais
para os açougues. Naquela época era muito comum usá-los para embrulhar a carne.
Eu vendia tudo o que era possível para os ferros velhos de vida. A minha mãe
dizia que eu vendia qualquer coisa, menos a mãe. Ela tinha razão....
Como eu sabia que, para crescer e
evoluir eu precisava estudar, nunca deixei isso de lado e, felizmente através
de bolsas de estudo que consegui, estudei em colégio Marista com alto nível de
ensino. Decidi fazer a faculdade de Economia, pois gostava muito desta coisa da
negociação, do comércio, e percebia que este curso me daria esta visão. O que
de fato é verdadeiro, embora a minha carreira não tenha ficado concentrada só em
negócios.
Já que trabalho sempre foi o meu
lema, tive a sorte de conseguir um Estágio no primeiro ano de faculdade, ainda
careca do trote, numa grande multinacional Americana. Ali foi o começo de tudo.
Fui ganhando experiência corporativa, até o momento em que fui efetivado como
Executivo nesta empresa. Obviamente que,
devido às dificuldades financeiras da minha família, na adolescência eu
não falava uma palavra em Inglês. E todo mundo sabe, desde aquela época, que
para progredir numa empresa Americana é preciso dominar o idioma. Aí acontece
aquelas coisas na vida que a gente não consegue explicar : Eu tinha um Diretor
Americano, que num belo dia falou pra mim. “Prepara os documentos que eu vou lhe
mandar para os Estados Unidos”. Fiquei apavorado, pois não falava nem bom dia em
Inglês e tinha só 22 anos.
E assim aconteceu... esta empresa
me mandou para os Estados Unidos onde eu fiquei nos primeiros 6 meses estudando
Inglês todos os dias pela manhã. Esse Diretor foi meu anjo da guarda, porque a
partir desta primeira experiência no exterior eu não parei mais. Foram 35 anos
de vida corporativa em Multinacionais Americanas e duas vezes expatriado para
os Estados Unidos. Sendo que a última vez, como Diretor da Corporação.
Às vezes paro, penso e não acredito
em tudo que aconteceu. Como alguém nas minhas condições iniciais poderia ter um
destino tão diferente no futuro? Jamais acreditaria, se alguém falasse, que
isso aconteceria comigo. Precisamos mesmo acreditar mais no nosso potencial, na
nossa determinação, e encarar de frente e sem medo, todos os desafios....
Acredite, os tempos eram bem difíceis, talvez até mais do que os dias atuais. O
importante é focar na solução e não problema. Quando fazemos isso com
determinação, nada é impossível nesta vida!!!!
Parabéns Westin pela dedicação e espírito empreendedor, nunca desistindo de seus sonhos. Foram difíceis mas ao longo do tempo acredito que tbm foram muito gratificante a experiência.
ResponderExcluirParabéns pelo artigo.
Vilela
Parabéns Westin pela dedicação e espírito empreendedor, nunca desistindo de seus sonhos. Foram difíceis mas ao longo do tempo acredito que tbm foram muito gratificante a experiência.
ResponderExcluirParabéns pelo artigo.
Vilela
Uma lição de vida !!!!
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