Acredito que muitas pessoas têm essa pergunta na cabeça. Sinto e percebo
que muita coisa mudou. A tecnologia avançou de uma forma expressiva, mas parece
que as organizações ainda estão presas aos modelos oriundos da era industrial.
Conheço muitas empresas tidas como modernas, mas quando se fala que as pessoas
poderão trabalhar de home office, os líderes piram. Ainda existe aquele desejo
de controlar as pessoas de forma presencial. Esses líderes precisam ver seus
colaboradores chegando e saindo do trabalho fisicamente. É a síndrome do
sentimento de posse. De alguma forma, não importa muito se eles serão mais
produtivos trabalhando em casa, evitando perda de tempo no trânsito, duas horas
para almoçar, etc. A presença acaba sendo mais importante do que a
produtividade.
A dinâmica do mundo moderno requer uma agilidade enorme porque a cada
minuto as coisas estão se alterando e se transformando. Assim é o mundo
digital, porque é muito fácil fazer alterações, correções, inovações, e etc.
Quando falamos das grandes organizações, ainda temos modelos de gestão que não
conseguem refletir esta nova realidade. Um exemplo disso são os modelos de
gestão de metas e objetivos. A grande maioria das empresas organizadas têm
algum tipo de modelo de gestão deste assunto. No começo do ano se estabelece as
metas e objetivos. No meio do ano se faz a revisão das metas (Midyear Review) e
no final do ano se faz a avaliação dos resultados. Não tem nada errado com este
modelo, pois ajuda as pessoas a terem foco, objetivos, metas, etc. Só que a
dinâmica do processo não acompanha mais a dinâmica dos acontecimentos. Se
partimos da premissa de que as coisas mudam numa velocidade gigante, como este
processo pode sobreviver neste formato? É bem provável que, quando as pessoas
terminem de fazer as suas metas, elas já estão totalmente desatualizadas. No
meio do ano, nem adianta revisar, porque muita coisa mudou. É preciso
desenvolver modelos mais dinâmicos que reflitam a necessidade do negócio, e não
a necessidade da burocracia. E isto é possível de ser feito, exatamente pelo
fato de termos hoje a tecnologia a nosso favor. É possível movimentar milhões
em dinheiro entre vários Países, em questão de segundos. As informações e
pesquisas num Google podem ser realizadas também num piscar de olhos. Sem falar
de outros métodos produtivos ou não, dentro das organizações, que também sofrem
desta síndrome do passado bem-sucedido.
Não podemos continuar cuidando desses processos usando os mesmos
conceitos, e muitas vezes ferramentas, que já ficaram obsoletas. Precisamos
mudar o nosso “mindset” e nos inserirmos pra valer em termos de modelo de
gestão na era digital. Não podemos continuar tirando fotografias em máquinas
cujo filme precisa ser revelado, e isso leva uma semana para acontecer. Não há
problema em fazer isso desde que o seu
concorrente não o faça numa câmera digital. Caso contrário, advinha quem
vai ter a fotografia pronta, no menor tempo e com melhor qualidade para
mostrar? Não podermos mais dirigir o carro só olhando para o retrovisor.
Vivemos a era da inovação e isto significa que precisamos educar os
nossos colaboradores nas organizações dentro de uma cultura que reflita essa
desejada inovação. Se os modelos e a nossa cultura continuam reproduzindo os
moldes do passado, fica muito difícil educarmos os nossos colaboradores para
que pensem e ajam de forma diferente. Isso é muito louco! É como querer que uma
pessoa, que está numa escola militar, pense e aja de forma indisciplinada, não
hierárquica e desorganizada. É desejar que uma criança, que não tenha nenhuma
educação em casa se torne um adulto educado no futuro. Para que as organizações
consigam avançar em inovação e criatividade, devem pensar fora da caixa. É
preciso provocar verdadeiros “breakthrough” na sua forma de pensar, agir e gerir
o seu negócio.
Em resumo, assim como as organizações precisam rever urgentemente os
seus modelos de gestão e a cultura que desejam para o futuro, os colaboradores
igualmente precisam ficar mais atentos, a qual perfil e competências serão requeridas
para esta nova era. A má noticia é que, tanto a empresa como os colaboradores, terão
que se reinventar, estudar e se transformar o tempo todo. A boa notícia é que,
ao fazer isso, usaremos o melhor do nosso potencial humano e empresarial para
agregar valor aos negócios e à sociedade como um todo. Tomar risco e pensar
fora da caixa é muito difícil, mas os benefícios para o mundo e para o
progresso não têm preço. Se chegamos onde estamos é porque pessoas se atreveram
a pensar de forma diferente e desafiaram o status quo e o que era impossível.
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