Este pensamento,segundo alguns
pesquisadores, ronda a cabeça da maioria dos Brasileiros, especialmente em
tempos de crise, em que o emprego fica mais escasso e esta possibilidade parece
ainda mais interessante. É sempre tentador imaginar ter um negócio próprio e
poder ter mais liberdade, autonomia, e não ter um chefe para cobrar a todo
instante pelos resultados. A impressão que se tem é que o trabalho próprio
permite mais flexibilidade e mais tempo, do que o trabalho como empregado
vinculado a uma organização. Há uma certa ideia imaginária de que trabalhar por
conta própria é mais motivador do que quando se trabalha para alguém numa
empresa.
Por outro lado, as estatísticas
mostram que nos primeiros dois anos de existência, cerca de metade das empresas
que foram criadas, acabam. Ou seja, muitas pessoas neste período desistem de
tocar adiante o seu empreendimento por várias razões. Tudo indica que não
parece ser tão fácil criar e gerir uma empresa por conta própria. Há uma grande
distância entre o sonho e a realidade.
Como sabemos a vida é feita de
escolhas. O que faz uma pessoa escolher seguir o caminho de um negócio próprio
versus uma outra pessoa que decide seguir a sua carreira ou trabalho, porém
vinculado a uma organização? Essas são decisões muito difíceis de serem tomadas
em qualquer tempo da nossa vida. São muitos os fatores que nos levam a escolher
estes caminhos. Sem a pretensão de esgotar esta reflexão, tentarei enumerar
alguns pontos que julgo crítico para esta tomada de decisão.
Começarei pela personalidade e o
perfil da pessoa. Existem pessoas que precisam ter a segurança de um emprego
para poder ter certeza de uma renda garantida mensalmente. Não gostam de
arriscar, e muitas vezes em função do seu histórico pessoal e familiar, optam
por uma vida teoricamente mais segura através do emprego. Gostam de estar
vinculadas a uma determinada organização, e valorizam pelo fato de pertencer a
ela, como se fora uma associação, um clube, ou uma agremiação.
A personalidade da pessoa neste
caso tem também um papel preponderante. Existem pessoas que não gostam de
arriscar, são mais contidas e prudentes e por conta disso preferem uma
atividade empregatícia. Há aquelas que inclusive preferem fazer algum tipo de
concurso público, onde em teoria ela terá ainda mais segurança e estabilidade.
Sabem que talvez a carreira tenha uma progressão mais lenta, e que talvez o
ganho seja mais limitado, mas assim mesmo preferem esta situação do que a
instabilidade e a imprevisibilidade.
Do outro lado existem pessoas que
também por personalidade, e outros fatores, preferem correr mais risco e se
dedicarem a uma atividade empreendedora. Não se preocupam com a estabilidade,
pois acreditam que através do empreendimento possam ganhar mais e se realizarem
mais também. Liberdade e criatividade empreendedora são características dessas
pessoas. Sabem que o risco faz parte do negócio e estão dispostas a
recomeçarem, mesmo em caso de fracasso naquilo que estão fazendo. São
geralmente visionárias e conseguem transformar os seus sonhos e desejos em
ações práticas e realistas.
Como podemos perceber, estamos
falando de indivíduos com estilos e personalidades bastante diferentes. Existem
pessoas com personalidade empreendedora que durante muitos anos ficam
vinculadas a um emprego. As razões podem ser diversas. Quando estudavam
arranjaram um bom emprego, que possibilitou o crescimento na carreira, portanto
supriu o desejo de tocar um negócio próprio. Isto também pode ter ocorrido para
uma pessoa que desejaria fazer uma carreira numa empresa e o destino a levou a
montar um pequeno negócio, sozinha ou com alguma outra pessoa e este negócio
prosperou e arrefeceu o desejo ou possibilidade de uma carreira vinculada a uma
organização.
Dá para perceber, que as
possibilidades de carreira são muito variadas e nem sempre temos o controle do
que acaba acontecendo. São fatores determinantes, a personalidade, valores,
estilo pessoal, disponibilidade de recursos, oportunidade, formação escolar,
ambiente familiar, e por aí afora.
Entretanto a pergunta que não quer
calar é a seguinte: Qualquer um pode ter um negócio próprio? A minha resposta é
sim. Porém terá sucesso ou será feliz no empreendimento? Esta é a questão...
Antes de se lançar a esta ideia, sugiro que a pessoa faça uma profunda
reflexão, fale com várias pessoas do seu relacionamento para certificar-se que
tem o perfil adequado para ser dono de sua própria atividade. É muito comum
especialmente quando se perde o emprego, ou quando a aposentadoria se aproxima,
que este pensamento se intensifique. Muito normal e salutar.
Como vimos, existem algumas
características que precisam ser avaliadas para que uma pessoa decida
empreender. A pessoa deve responder algumas perguntas, tais como: Eu tenho um
perfil pessoal para liderar um negócio próprio? Eu sei exatamente o que desejo
empreender? Eu tenho as competências necessárias para este empreendimento? Eu
posso fazer isso sozinho ou preciso me juntar a alguém? Eu me sinto à vontade
correndo risco no meu negócio? Eu serei feliz fazendo este tipo de trabalho?
Essas e outras várias perguntas podem ajudar nesta reflexão para seguir adiante
com este projeto.
No mais, só posso desejar boa sorte
e sucesso, seja qual for a sua escolha!!
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