Outro dia eu estava lendo um
artigo no jornal que fazia uma reflexão sobre organizações que se intitulam
“humanas”, mas que fazem coisas que desafiam a ética, a moral,etc. Ora, em
princípio toda organização é “humana”, por isso precisamos tomar cuidado com
esta generalização.
Isso me faz lembrar dos Países
que são verdadeiras “ditaduras”, mas que se definem como “democráticos”. Existem
vários Países na América Latina, Europa e Oriente Médio que fazem a apologia da
democracia, mas as pessoas não mandam nada, e são governadas com mãos de ferro.
Às vezes até, estas mãos não são tanto de ferro, para disfarçar, e ninguém
perceber as ações dos líderes governamentais.
Da mesma forma, tem muita
organização que se diz “humanista” voltada para as pessoas, mas que na verdade
age de maneira completamente diferente. Ser uma empresa “humanista” não é só em
relação aos seus empregados, mas também com seus fornecedores, clientes,
governo, sindicato, enfim a sociedade como um todo. Não vale fazer negócios a
qualquer preço com a alegação de que os meios justificam os fins.
Aliás, ultimamente estamos vendo
no Brasil uma enxurrada de empresas envolvidas em escândalos de corrupção,
junto ao governo e empresas estatais. Fico me perguntando: Será que essas
empresas e governantes não se dão conta de que ao praticar estes atos de
corrupção, estão tirando recursos que deveriam ir para a educação, saúde,
segurança, etc.? Que isto é um ato desumano? Eu tenho certeza de que muitas dessas empresas
envolvidas nesses mal feitos, se acham “humanistas”, voltada para o bem das
pessoas, da sociedade, etc. Aqui vale aquele dito popular. “Não existe mulher
meia grávida”.
Eu prefiro trabalhar numa
organização que seja muito focada nos negócios, que o ambiente seja exigente,
até “rigoroso” com as pessoas, mas que tenha práticas de negócios legítimas,
éticas, e jogam o jogo dentro das regras de negócios. Os gestores deveriam se
preocupar mais com estes aspectos, do que muitas vezes outros assuntos que são
de menor importância do ponto de vista da sociedade. A sustentabilidade de um
negócio ou mesmo de um País depende da postura dos seus líderes, e da seriedade
na condução das suas ações.
Tive a oportunidade de morar a
trabalho duas vezes nos Estados Unidos. É o País símbolo de alguma forma da
democracia. Não que seja tudo perfeito, e que não tenha nenhum problema. O fato
é que para funcionar, todos têm que respeitar as leis, e não existe nenhum
direito individual que sobreponha o direito coletivo. Às vezes, para fazer com
que isso aconteça, as leis são duras, rigorosas com as pessoas, e não há
privilégios para ninguém. A sensação para quem vem de fora é de que não há
“muita liberdade”, e que é bom seguir tudo direitinho para não se meter em
confusão. É uma sociedade competitiva
focada nos negócios, e muitas vezes até percebida como “fria” do ponto vista
comportamental, o que não é uma verdade. Ou seja, para muitos, não é tão
“humanista”. O fato é que um País ou uma organização para ter sucesso, precisa ter
disciplina e regra que se aplica para todos, pois caso contrário não chegará
lá.
Em resumo, nem tudo que reluz é
ouro. Precisamos ter cuidado com estes
modismos que andam por aí, que podem nos induzir a conceitos equivocados, na
minha opinião de “humanismo”. Organizações militares feitas para a guerra são
“humanistas”. Ter foco no empreendimento
seguindo as leis, a ética, e praticando atos honestos, além de cuidar dos
empregados, e dos “stakeholders” é que são verdadeiramente “humanistas” do
ponto de vista de uma sociedade.
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