Pelo fato de eu
ter formação em Economia, sempre encarei a gestão de pessoas nas organizações,
dentro de uma perspectiva mais econômica do que administrativa. Por mais que
queiramos olhar de uma forma mais romântica ou mais humanista, no final do dia
o que fará a diferença é quanto essas pessoas contribuíram para o resultado do
negócio.
Leio com
frequência muitas teorias, ou mesmo participo de congressos em gestão de
pessoas, e noto que a abordagem com viés mais econômico da questão, nem sempre
é apresentada. Parece que existe um certo receio em falar deste tema, nesta
direção, por se tratar de pessoas. Quando é tratado o tema econômico, muitas
vezes é abordado pela ótica de cenário macroeconômico.
As pessoas
que estão à frente da gestão do negócio, buscam respostas, sugestões e
propostas para melhorarem o resultado. Seja com relação ao aumento da receita, redução
de custos ou aumento da produtividade e da lucratividade. Não há nada numa
organização do ponto de vista produtivo que não considere esses aspectos
econômicos da gestão, inclusive relativos a pessoas. Talvez exista uma
resistência natural, especialmente na cultura brasileira, de encarar esse
assunto de forma mais pragmática e objetiva. Toda vez que há alguma discussão
em torno de indicadores relativos à gestão de pessoas, o tema não avança e
emperra pelo caminho. É quase um tabu falar de indicadores econômicos relativo
à contribuição das pessoas para o negócio.
Quando eu fiz
o MBA, eu queria fazer o meu TCC sobre o retorno do capital humano para o
negócio. Conversei com os professores e orientadores e muitos deles me
alertaram para a dificuldade que eu iria ter para encontrar literatura a
respeito do tema. Ou seja, mesmo os autores em gestão de pessoas não se dedicam
a publicar ou estudar como avaliar a contribuição do capital humano para o
negócio. Os poucos indicadores existentes, são muito superficiais e na minha
visão não medem adequadamente o que estamos comentando.
Por conta
disso as empresas ainda não desenvolveram indicadores que possam dar uma
informação mais precisa da contribuição do capital humano para o negócio. Todos
têm certeza que a contribuição é inegável porém até o momento não se tem uma
métrica universal a ser usada neste sentido.
Algumas
empresas esboçam alguns indicadores como venda por empregado, percentual da
folha sobre vendas, custo por empregado, horas gastas em treinamento, índice de
turnover, e por aí afora. Ocorre que estes indicadores são apenas internos e
como não existe estatística do setor, a empresa não tem como se comparar com as
demais empresas da mesma área para saber se estão bem ou não. Ela consegue de
uma maneira precária comparar-se entre unidades, ou mesmo áreas geográficas ou
Países diferentes. O mundo ideal seria a criação universal de indicadores
econômicos do capital humano para criar a possibilidade de comparação com empresas
da mesma área de atuação econômica ou setores diversos. Se uma medida desse
tipo for estabelecida e contribuir efetivamente para uma melhor gestão,
certamente estes indicadores seriam criados e aperfeiçoados ao longo dos anos.
Assim foi feito com os indicadores financeiros que as empresas utilizam nos
dias de hoje.
Existem
outros indicadores qualitativos que são utilizados tais como avaliação do
desempenho, avaliação do potencial futuro, avaliação do perfil psicológico,
avaliação de 360 Feedback, avaliação do estilo de liderança, pesquisa salarial,
avaliação do clima organizacional etc. Todos estes indicadores qualitativos são
bons e importantes para a gestão, mas são mais de ordem administrativa do que
econômica. Ou seja, são bons para a gestão das pessoas, mas não medem
efetivamente a contribuição delas para o “bottom line do negócio”.
Com o advento
do “big data”, onde será possível ter uma massa de informações significativas
no futuro, eu acredito que os indicadores econômicos de gestão de pessoas
poderão ser criados e facilmente monitorados
Quando isso
acontecer os gestores de recursos humanos contarão com informações preciosas
para saberem se os investimentos em desenvolvimento, treinamento, contratações,
promoções, etc. estão efetivamente agregando valor ao negócio. Por hora esta
avaliação ainda é subjetiva e arbitrária, mas o que é possível. Obviamente é
melhor ter algo para se avaliar, do que não ter nenhum indicador, mesmo que
este seja mais qualitativo do que quantitativo.
Quem sabe num
futuro próximo, estudiosos do assunto desenvolvam estes indicadores, que darão
uma sustentação mais robusta a todas as ações e investimentos na área de gestão
de pessoas. O negócio agradece!!
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