Quando começamos a trabalhar e ao
longo da nossa carreira é comum o sobrenome jurídico onde se trabalha, ser
associado ao nosso próprio nome. Eu já fui Felipe da Dow, Felipe da Alcoa,
Felipe da Monsanto, Felipe da Bristol Myers Squibb, e finalmente hoje eu sou
Felipe Westin, da Westin.....
Não percebemos que utilizamos este
sobrenome jurídico como se fosse parte mesmo do nosso nome, da nossa família,
até o dia em que nos damos conta de que isto não é verdade. Isso acontece
quando somos demitidos, ou quando pedimos demissão de uma organização. A
primeira sensação é que realmente a pessoa ficou órfão da família. A pessoa vai
visitar um amigo em alguma empresa, e a recepcionista pergunta você é fulano de
onde? Parece que no mundo empresarial todo mundo tem que ter um sobrenome
jurídico para ser identificado. Não se percebe, mas isto causa um certo
constrangimento, para aquela pessoa que naquele momento está num processo de
transição de carreira, ou não está vinculado a nenhuma organização. Não sabe
nem como falar direito com a Recepcionista. Portanto o sobrenome é o da pessoa
física, dela mesmo, mas por falta de uso soa até estranho....
No mundo corporativo acostumamos
com uma porção de coisas que não nos pertence, mas sem notarmos pensamos que
tudo aquilo faz parte da nossa vida. Exemplo: o carro que empresa concede, a
passagem de classe executiva, os hotéis 5 estrelas, a sala bonita com móveis
modernos, e vai por aí afora. Tudo isso era “emprestado” e quando se perde o sobrenome
jurídico, da noite para o dia ,todos esses lindos benefícios somem como por um
passe de mágica....
Conheço profissionais que nem sabem
como funciona um banco para tirar dinheiro, ou pior ainda, como enviar uma
carta no correio. Outros nunca tiveram que mandar o seu carro para lavar ou
abastecer. Tudo isso é providenciado graças ao seu sobrenome jurídico....
Claro que é muito bom ter todos esses
benefícios, “mordomias”, etc., mas temos sempre que lembrar que essas coisas
todas são passageiras. É uma questão de manter a sanidade mental e não se
iludir achando que isso vai durar para vida toda. Posso garantir que não vai e
isso é absolutamente normal.
Ter o nosso nome associado a um
sobrenome jurídico imponente e importante, claro que é bom e automaticamente
confere um “status” de profissional diferenciado, competente, e bem sucedido.
Talvez até por isso assumimos muito rapidamente o sobrenome jurídico, pois este
nos confere uma diferenciação e um reconhecimento de distinção perante a
família, os amigos e a sociedade de um modo geral.
O problema é quando chegam os
tempos das vacas magras, e muitas pessoas perdem os seus empregos, e se desesperam
pois não se prepararam (e aqui entre nós, é sempre muito difícil estar
preparado para esta situação). Conheci profissionais de alto nível que quando
foram demitidos não contaram para a família. Frequentavam uma empresa de outplacement, onde passavam o dia todo,
para fingir que continuavam trabalhando na mesma empresa. Pessoas competentes,
preparadas, mas que associaram o seu nome ao sobrenome jurídico de tal forma,
que não conseguiam lidar com este assunto de forma tranquila, como parte da
vida.
Empresas são lugares onde muitas
pessoas ganham a vida com os seus trabalhos, mas não são parte integrantes da
sua família. Ter o sobrenome jurídico de uma organização sempre será algo
temporário na vida de um profissional, salvo exceção, terão outros sobrenomes
ao longo da sua carreira.
Se você está passando por um
momento de transição, lembre que muitas pessoas assim como você já passaram ou
passarão também. Não tem nada de especial. E mudar de sobrenome jurídico,
muitas vezes pode ser bom ou até a melhor alternativa para o indivíduo. Se vai
trocar de sobrenome, que seja para um melhor e que seja feliz.
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