Não tem como existir uma civilização organizada, como o
próprio nome a define, sem a existência de políticas, normas e regras bem
definidas. Se observarmos este processo, isso também acontece em todas as
religiões do mundo. Os comportamentos das pessoas são norteados pelas normas
sociais, políticas religiosas, etc. Não há como governar uma nação se não
existir regras bem definidas que valem para todos os cidadãos de um País. Se
olharmos também para as organizações empresariais, de igual forma isto também
ocorre. Não é possível se ter uma empresa minimamente organizada, se não
houverem normas, politicas e regras bem definidas que orientam o comportamento
de todos.
A questão que eu gostaria de refletir é o quanto essas
políticas e normas induzem a conduta das pessoas, e por consequência, criam a
cultura de uma país, de uma sociedade ou mesmo de uma organização empresarial. No
campo da governança e da ética, parece que isso se torna ainda mais crítico.
Não é possível definir o comportamento das pessoas, apenas levando em
consideração o senso comum ou o bom senso. Esta é uma variável que cada pessoa
tem uma métrica diferente, portanto muito difícil de padronizar, especialmente
em função dos valores, crenças, ritos e hábitos.
A outra questão que eu também gostaria de refletir, e que
parece ser bem real, é adoção ou a aplicação das políticas, normas e regras. A
impressão que eu tenho é que quanto mais rígido for a aplicação, portanto não
basta só ter regras e políticas bem definidas, maior é a possibilidade de
sucesso e de organização de uma sociedade. De uma certa forma, isso implica em
punições severas, ou consequências importantes quando essas regras não são
respeitadas. Será que isso é um dogma da sociedade avançada, ou dita como
desenvolvida? Tudo é muito bem definido, respeitado, controlado, para que o
resultado coletivo seja alcançado. Parece à primeira vista, a razão do sucesso
de Países Europeus, e do Continente Norte Americano.
Quando avaliamos o ambiente empresarial, parece que também
faz sentido e é percebido que, quanto mais forte é a política e as normas, mais
consistente e produtivo é o comportamento dos colaboradores. Se imaginarmos que
uma cultura organizacional é formada pela somatória dos comportamentos das
pessoas numa determinada organização, isso parece ter fundamento. Será que
daria para afirmarmos que essas políticas, normas e regras induzem as pessoas a
determinados comportamentos? Caso positivo, talvez as organizações devessem
prestar mais atenção, ou até mesmo dedicar e preparar melhor a suas lideranças
para entenderem e praticarem as políticas corporativas.
O dilema e quem sabe o paradoxo dos tempos modernos, é como
encontrar um bom balanço entre as fronteiras das regras, versus a necessidade
de ter flexibilidade para gerar criatividade e inovação. Todos sabemos que num
ambiente muito controlado e padronizado dificilmente haverá muita geração de
ideias e inovações, pois a regras acabam de alguma forma impedindo o livre
pensar, e a tendência é ser mais conservador. Temos um grande desafio nas
organizações, que precisarão da inovação para continuarem a crescer e serem
competitivas, porém sem abrir mão das suas políticas e normas, que determinam o
bom funcionamento e a consistência das decisões corporativas. Por outro lado,
as pessoas precisam também compreender que seguir as regras é a alternativa
para a sociedade organizada, viver civilizadamente.
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