Participo em muitas reuniões de RH, sejam em empresas,
grupos informais, associações etc. e confesso que fico um pouco impaciente
quando o foco ou a conversa fica centrada na gestão comportamental. Talvez a
minha formação em Economia me induza a pensar sempre no resultado econômico ou
financeiro que as ações numa empresa devam produzir. Podemos discutir todos os
tipos de processos ou ferramentas de gestão de pessoas, mas no final do dia, o
que realmente interessa para uma organização empresarial com fins lucrativos, é
se estão agregando ou não valor ao negócio.
Recentemente estão em discussão e revisão os processos
de avaliação de desempenho. As empresas estão concluindo que os processos
existentes até agora, não funcionam mais. Na verdade, nunca funcionaram porque
as empresas nunca investiram tempo e recursos para fazer o processo ser
compreendido e praticado pelas pessoas. Fiz ao longo da minha vida profissional
várias auditorias nesta ferramenta e francamente, é muito ruim o que eu encontrei
nas organizações. Vou dar um exemplo: um ponto chave do processo é o
Estabelecimento de Metas e Objetivos. Quando verificamos nas empresas como as
pessoas escrevem as suas metas e objetivos, dá vontade de chorar. São
verdadeiros tratados descritivos, sem objetividade, impossível de ser
mensurado. Claro que um processo com esta qualidade só pode ter um baixo
resultado. Outra coisa que noto é que há muitos anos as empresas confundem Avaliação
do Resultado com a Avaliação do Desempenho. Objetivamente olhando para trás, as
empresas precisam avaliar os resultados que a pessoa produziu. Olhando para a
frente a empresa precisa avaliar o Desempenho e o Desenvolvimento da pessoa,
para que possa melhorar os seus resultados no futuro. Parece bem lógico o
processo, porém na realidade o que encontramos é uma verdadeira mistura e falta
de entendimento destes conceitos.
Por esta razão as empresas estão começando a abandonar
o processo atual de Avaliação de Desempenho, mas nada funcionará conforme o
desejado se não ficar bem claro o objetivo e a proposta do processo. Estabelecer
metas e prioridades para o trabalho é cada vez mais crítico diante da avalanche
de solicitações que as pessoas têm numa empresa. Avaliar os resultados também é
crítico, pois a somatória de todos é que dará o resultado da empresa. Avaliar o
desempenho e cuidar do desenvolvimento também é crítico para assegurar a
melhoria do trabalho, aumento da eficiência, da produtividade e em última análise,
o resultado futuro da empresa.
Os desafios econômicos e financeiros das organizações
são cada vez maiores e mais complexos e a gestão de pessoas precisa estar
alinhada e preparada para contribuir com a organização para a melhoria do
resultado. Comportamento é uma parte desta equação, mas precisamos trabalhar
muito mais e melhor nos processos e nas atividades agregadoras de valor. Nestes
últimos 30 anos vejo muito pouca criatividade na área de remuneração, que tem
um potencial enorme para influenciar os resultados. Continuamos com os mesmos
processos, e aliás com muito pouca gente que de fato entende deste assunto. O
potencial da remuneração variável, alinhada ao resultado do negócio, pode ser
uma ferramenta poderosa para incentivar o aumento de resultados, entretanto
poucas iniciativas agressivas ou inovadoras se vêm no mercado. Precisamos ter
gestores de RH e de pessoas com um DNA de negócios ou financeiros mais aguçados
e que consigam fazer a tradução das necessidades do negócio para os processos
de RH.
As empresas precisam urgentemente rever os seus
processos de gestão de RH, e verificar quais estão agregando valor, seja pelo
aumento da receita ou redução de custo, ajudando nos resultados da organização.
Tudo aquilo que é feito e não agrega valor, deveria ser revisto e eliminado,
exceto aquelas atividades que, por força de lei, precisam ser mantidas e
cumpridas. Este é um fardo que as empresas no Brasil infelizmente têm que
carregar. Aliás com um custo altíssimo.
Os gestores de pessoas em geral precisam ser também
treinados e preparados para serem melhores gestores de pessoas, e compreenderem
a importância do tema para gerar resultado. A gestão de pessoas não deve ser
apenas uma atividade administrativa ou cuidadora de pessoas per si, mas sim uma
gestão de negócios como outra qualquer. Sim, é possível fazer uma gestão de
pessoas para o resultado, cuidando para que estas possam desempenhar melhor e
fazerem o seu trabalho motivados, se desenvolvendo e criando oportunidades de
crescimento de carreira.
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