É comum nos tempos de crise, quando há redução do quadro de empregados, a empresa se preocupar apenas com os que estão saindo. Parece que tem sempre um número mágico nessas demissões: Corte de 10%. É a síndrome dos 10%. Imagina o grau de avaliação técnica que é feito para cortar estes 10%??? Enfim, é isto que acaba acontecendo nestes momentos mais severos de redução da atividade econômica.
Até aí nenhuma novidade. Parece que este é o modelo padrão de comportamento de todas as empresas. O problema é que se reduz 10% das pessoas, mas 90% das que ficam é que sofrem com estas decisões, e são as que tem que estar motivadas para fazerem o seu trabalho e o trabalho dos 10% que se foram. Será que as empresas entendem o quanto é importante cuidar destes 90% que ficaram? Será que essas pessoas acharam justas as decisões de corte que foram feitas? Será que elas entendem a razão e a lógica que foi utilizada para a redução do quadro? Será que elas comunicaram adequadamente o processo de tal forma que as pessoas que ficaram sentem-se motivadas e engajadas para continuar?
Francamente eu tenho sérias dúvidas se as empresas COMUNICAM adequadamente este processo, e as razões que as levam a tomar essas decisões. As pessoas se relacionam umas com as outras dentro de uma organização, em maior ou menor grau. Portanto, não estamos falando em reposição de máquinas mas sim de colaboradores, que estavam prestando serviços à organização junto com os demais integrantes que eventualmente ficaram.
Pode até parecer uma preocupação de caráter emocional, mas não é verdade. Este receio é relativo à produtividade, à motivação e ao engajamento dos colaborares para que continuem sendo produtivos. Se a empresa chegou a um ponto que tem que reduzir o quadro de empregados para conseguir sobreviver, e por consequência manter o emprego das demais pessoas, tem que se preparar para cuidar do ambiente interno. As vezes é uma situação de sobrevivência, portanto do ponto de vista de decisão de negócio, válida. Não é agradável para ninguém ter que reduzir em 10% o quadro de empregos, mas se for para manter os outros 90%, tem uma lógica válida de negócio.
Partindo de que esta premissa está correta, qual é o problema em não explicar os critérios e as razões desta decisão para o resto da organização? As pessoas são inteligentes e entenderão as razões se explicadas de forma correta e que tenha sentido lógico. Esta comunicação por parte da organização desenvolve nas pessoas uma relação de confiança e transparência. Cria um clima de honestidade e ética entre a empresa e os empregados. Com certeza uma boa comunicação restabelece o clima produtivo e de engajamento para que todos trabalhem em prol da organização. A falta de comunicação tem um efeito perverso e contrário ao desejo dos acionistas. Cada pessoa cria a sua própria história e, de um modo geral, bastante distorcida da realidade e dos fatos.
Transparência é o nome do jogo. A comunicação é a chave do sucesso nestes momentos de decisões difíceis.
Nenhum comentário:
Postar um comentário