Nunca se escreveu tanto sobre
Liderança como nos últimos 10 ou 20 anos. Todos os dias se ouve falar em como
ser um Líder, o que o Líder deve fazer, e por aí afora. Claro que tudo isso é
importante, mas parece cair num lugar comum. As definições e os comentários são
muito parecidos. As vezes sinto que rodamos bastante e não saímos do lugar
nestes últimos anos. Creio que está na
hora de reinventarmos certos conceitos, e Liderança para a era digital, para o
novo século, certamente é algo que precisa ser repensado.
Muitos ficam aflitos pois não
sentem vontade de liderar nada e talvez nem tenham perfil para isso, mas são
pressionados pela empresa e pela sociedade para fazerem algo que não acreditam
ou pior, não têm aptidão. Sinônimo de sucesso nas organizações é ser Gerente,
Diretor ou Presidente. Na vida real vemos quanta mediocridade existe em matéria
de Liderança por conta de pessoas inadequadas promovidas para tais posições.
Devíamos fazer uma alforria deste
conceito, e liberar as pessoas para que não se obriguem a serem Líderes, muitas
vezes apenas por uma motivação exclusivamente financeira. A minha proposta é
que todos sejam “donos do seu negócio”. Não importa o que você faz, que posição
tenha, mas aja como um verdadeiro dono do seu trabalho. Quem é dono não precisa
de chefe para dizer o que precisa ser feito, ou para onde se quer ir, ou o que
é necessário, etc., não é verdade?
A motivação do dono é ver o
sucesso do empreendimento, seja lá qual for. O verdadeiro dono sonha, vislumbra
um resultado, acredita no que está fazendo e une pessoas em torno do seu sonho.
O resultado financeiro, na grande maioria das vezes, é apenas uma consequência
e não um objetivo por si só. Trabalhar junto, empreender, realizar algo, é
muito mais importante do que qualquer coisa. Está na hora de sairmos deste
conceito burocratizado de Liderança, que é uma herança de modelos antiquados
que nos levam a dirigir um carro, olhando pelo retrovisor.
Conheci muitos Líderes, cujo maior
diferencial era a sua postura de dono, de empreendedor, mesmo não sendo o
verdadeiro dono da empresa. Essas pessoas conseguem manter uma energia e uma
motivação em torno de si, que nenhum “Líder” consegue. O seu foco e a sua
ambição estão muito mais na realização do projeto, na alegria de contribuir
para algo positivo para a sociedade, do que qualquer outra coisa.
Se este conceito fizer sentido,
qualquer um pode ser “dono” do seu trabalho, das suas tarefas, verdadeiros
“Líderes” do seu empreendimento. Talvez no futuro nem precisaremos mais deste
“Líder” à moda antiga, pois emanciparemos as pessoas para serem independentes
de verdade, sem precisarem de tutores para realizarem o seu trabalho. Consigo
imaginar uma organização formada por vários “donos do negócio” trabalhando em
redes, ou seja, sócios do empreendimento que terão muito mais sucesso, e as
pessoas se realização muito mais no seu trabalho.
O tempo das organizações hierárquicas
acabou. Não funciona mais, não responde com rapidez e precisão às demandas dos
tempos modernos. Faz parte da era analógica e o que precisamos é de um modelo
de gestão para os tempos digitais. Um padrão que seja mais participativo, que
permita a contribuição plena das pessoas e que estas possam se realizar e agregar
mais valor ao negócio e à sua vida.
As tomadas de decisões e a busca
por soluções de problemas precisam ser feitos em tempo real. Só conseguiremos
responder à altura das necessidades do mundo moderno se reinventarmos urgentemente
o conceito de liderança e como trabalhamos juntos. Precisamos ousar e buscar
novas definições para o papel de Liderança, numa visão de criação do futuro e
não mais repetindo modelos que foram bons na era industrial.
Pessoalmente eu gosto muito do
conceito de “Sócios do Negócio”, onde todos podem contribuir de forma plena,
ampla, sem limitações “geográficas” dentro da organização. Quem tem mais
expertise, e conhecimento de um assunto “lidera” o tema junto com os demais.
Todos podem contribuir para o bem comum e o resultado do negócio. A responsabilidade
é de todos, como ocorre numa sociedade. O prazer e a motivação daquelas pessoas
que se sentem “donas” do negócio é incomparável, sem falar na produtividade das
pessoas. Todo mundo é “Líder” e todos são “Liderados” ao mesmo tempo, conforme
as circunstâncias e as decisões que precisam ser tomadas. Um ambiente que as
pessoas se sintam dessa forma, com certeza terá um significativo aumento do
engajamento e por consequência um aumento da retenção dos talentos.
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